JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

É difícil imaginar alguém que se desloque pela cidade para ir almoçar ou jantar no restaurante Aromatique -falta encanto ao local, dentro de um hotel Meliá, e a cozinha não é tão especial que justifique a viagem.
No entanto, há méritos ali, o suficiente para despertar a curiosidade de quem já está pela região do Itaim Bibi, onde há sempre algo de novo acontecendo na gastronomia.
Parece ter havido um esforço do chef de cozinha, de origem oriental, em equilibrar no cardápio alguns standards dos restaurantes de hotel, aqueles itens que são facilmente reconhecidos e deglutíveis por clientes vindos de diferentes partes do mundo, com alguns toques de sabor mais autoral, sempre em torno de uma cozinha internacional.
Para tanto, o chef Tohya Yamashita empenha sua experiência angariada em 16 anos de carreira em cozinhas de diferentes países.
No almoço, durante a semana, podem ser pedidos os pratos do cardápio, mas a principal procura é pelo bufê, que é naturalmente mais convencional e onde não se concentram as ofertas mais interessantes do chef. (Uma curiosidade: aqui, a feijoada é servida no almoço de sexta-feira, dia que em outras casas é dedicado aos pratos de pescados.)
O menu à la carte, que não é extenso, é dominado por itens como espaguete à bolonhesa, camarão à provençal e medalhão de filé ao molho de vinho tinto. Mas é possível pescar algumas propostas que, ao menos, fujam do imediatamente convencional. Por exemplo, uma entrada com inclinação asiática (shiitake na manteiga e wontan frito e recheado com ricota e cebolinha ao molho de gengibre e mel).
Aqui e ali aparecem sugestões como linguine ao molho de camarão e açafrão (com gostosa adição de alho-poró, embora com camarões muito cozidos e um tico a mais de sal); ou o trio de cordeiro, com sua carne em diferentes versões -filé envolto em massa crocante e molho de hortelã, mini-hambúrguer com alho e costeletas grelhadas com crosta de ervas: todos saborosos, à exceção dos hambúrgueres, passados do ponto.
Um correto strudel de maçã pode encerrar a refeição, que não será decepcionante mesmo com o entorno sem sal.