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Cantor francês Henri Salvador morre aos 90
Músico, que viveu no Rio nos anos 40, morreu em Paris, vítima de um aneurisma
Tratado por parte da imprensa francesa como "criador da bossa nova", Salvador negou o título em entrevista à Folha em 2007
Joel Saget - 27.set.2006/France Presse
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O cantor e compositor Henri Salvador, que morreu ontem |
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos mais importantes
nomes da tradicional música
francesa e amante da música
brasileira -morou e se apresentou no Rio entre 1942 e
1945-, o cantor e compositor
francês Henri Salvador morreu
ontem, aos 90 anos, em Paris,
vítima de um aneurisma, segundo divulgou sua gravadora.
Nascido na Guiana Francesa,
Salvador era famoso por sua
voz macia ("Eu não canto, sussurro", disse em entrevista à
Associated Press, em 2006),
sua risada escancarada e sua
longevidade: fez sua última
apresentação ao vivo em dezembro passado, em Paris, e,
segundo sua gravadora, planejava lançar um novo álbum neste ano.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, que esteve na
terra natal do músico anteontem, em encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
disse que Salvador habitava "o
cruzamento do jazz com a
"chanson" e a bossa nova, da Europa com as Américas".
Prolífico como intérprete e
compositor -passou pelo jazz,
blues, rock e pela tradicional
"chanson française"-, Salvador mudou-se com sua família
para a França aos 7 anos e se
apaixonou por música aos 12,
após ouvir discos de Duke
Ellington e Louis Armstong.
Ganhou um violão do pai e
tornou-se autodidata, participando de seu primeiro show
aos 17 anos, com uma orquestra
-seguiria com elas por quase
uma década, até se lançar como
cantor solo após sua temporada
morando no Rio.
No Brasil
Após servir no Exército francês, Salvador integrou-se à banda de Ray Ventura em uma turnê sul-americana, em 1938.
O grupo fez uma temporada
no hotel Copacabana Palace, no
Rio, e Salvador decidiu ficar na
cidade, onde construiu uma reputação tocando no célebre
Cassino da Urca.
Após a Segunda Guerra Mundial, o músico voltou à Europa e
fez uma célebre dupla com Boris Vian, que seria considerada
a introdutora do rock na França, a partir do hit "Rock and
Roll Mops".
Sua ligação com o Brasil voltou a ser exaltada a partir da
gravação de "Dans Mon Île",
em 1957. A canção foi várias vezes creditada, por parte da imprensa francesa e pelo próprio
Salvador, como inspiradora da
criação da bossa nova, pois teria sido após ouvi-la que Tom
Jobim teria tido a idéia de desacelerar o "tempo" do samba.
O escritor e colunista da Folha Ruy Castro, autor do livro
definitivo sobre o movimento
musical ("Chega de Saudade"),
diz que a relação de Salvador
com o ritmo nacional é exatamente a oposta: "Ele sempre se
alimentou da música brasileira,
não o contrário".
"Em 1957, Tom Jobim já estava fazendo suas canções há
muito tempo", diz Castro.
"Sempre gostei dele, tenho vários discos, mas sempre achei
um pouco cretina essa coisa de
ele se beneficiar como inventor
da bossa nova."
Em entrevista à Folha em
março passado, Salvador, no
entanto, negou o título de
"criador da bossa nova". "Não
gosto que digam isso. Não sou
capaz, sou um pequeno compositor comparado a Jobim. Sou
um pequeno melodista francês.
Jobim é gigante."
O francês, que recebeu, em
2005, a Ordem do Mérito Cultural entregue pelo presidente
Lula e pelo ministro Gilberto
Gil (Cultura), também disse
que o ritmo brasileiro "foi muito importante" em sua carreira.
Seu último disco, "Révérence" (2007) -que tem uma versão em francês de "Eu Sei que
Vou te Amar"-, foi gravado no
Rio, com o maestro e arranjador Jacques Morelenbaum.
Com agências internacionais
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