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"Survivor" no Tocantins empilha clichês do Brasil
Estreia nos Estados Unidos a temporada do reality show gravada no Jalapão
Produção foi acusada de prejudicar o ambiente e de impedir a entrada de moradores em área pública; CBS negou irregularidades
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Um jogo de futebol, uma mulata sambando, a paisagem do
Rio e o trânsito de São Paulo foram a coleção de obviedades
brasileiras a desfilar nas primeiras imagens da nova temporada do reality show "Survivor", da CBS, que estreou nos
EUA anteontem. As gravações,
que deixaram rastro polêmico
por acusações de dano ambiental, aconteceram no Tocantins.
O Estado é caracterizado no
programa como "uma das mais
desoladas e imperdoáveis"
áreas do Brasil. Os 16 competidores acampam em unidades
de conservação na região do Jalapão, onde dunas, nascentes e
grandes formações rochosas
mostram exotismo mesmo a
olhos tupiniquins.
Mas nem as cenas de jacarés
e grandes pássaros tiram o foco
das traições dos participantes,
que enfrentam jogos de equipe
e uma natureza hostil em busca
de um prêmio de US$ 1 milhão.
É a mesma fórmula que levou o
programa a atrair 50 milhões
de telespectadores no final da
primeira temporada, em 2000.
O desgaste de 18 temporadas,
porém, leva a uma sensação de
"já vi esse filme". Desde o lançamento nos EUA, a média de
público de "Survivor" caiu ao
menos 50% no país, segundo o
"New York Times". O programa, no entanto, se manteve em
2008 como o número um do
horário nobre às quintas.
Um dos trunfos é a escolha
dos cenários, sempre difíceis.
Nesta temporada, a temperatura de 48 graus foi o primeiro
obstáculo: "Três dias no Brasil
e as equipes já começam a sofrer", diz o apresentador Jeff
Probst, entre uma e outra menção à beleza do "Djalapáo".
Os elogios, contudo, não devem apaziguar o ressentimento
de moradores locais, que reclamaram que, além dos supostos
danos ao ambiente, tiveram
acesso impedido em uma área
pública durante as gravações.
As denúncias levaram a Procuradoria da República a iniciar apuração sobre se as gravações, concluídas em dezembro,
causaram prejuízo ambiental.
A produção diz ter respeitado
exigências da licença ambiental
concedida por órgãos estaduais. A CBS nega danos e afirma que reciclou o lixo, tratou a
água usada e distribuiu xampus
e sabonetes biodegradáveis.
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