São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2009

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"Survivor" no Tocantins empilha clichês do Brasil

Estreia nos Estados Unidos a temporada do reality show gravada no Jalapão

Produção foi acusada de prejudicar o ambiente e de impedir a entrada de moradores em área pública; CBS negou irregularidades

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Um jogo de futebol, uma mulata sambando, a paisagem do Rio e o trânsito de São Paulo foram a coleção de obviedades brasileiras a desfilar nas primeiras imagens da nova temporada do reality show "Survivor", da CBS, que estreou nos EUA anteontem. As gravações, que deixaram rastro polêmico por acusações de dano ambiental, aconteceram no Tocantins.
O Estado é caracterizado no programa como "uma das mais desoladas e imperdoáveis" áreas do Brasil. Os 16 competidores acampam em unidades de conservação na região do Jalapão, onde dunas, nascentes e grandes formações rochosas mostram exotismo mesmo a olhos tupiniquins.
Mas nem as cenas de jacarés e grandes pássaros tiram o foco das traições dos participantes, que enfrentam jogos de equipe e uma natureza hostil em busca de um prêmio de US$ 1 milhão. É a mesma fórmula que levou o programa a atrair 50 milhões de telespectadores no final da primeira temporada, em 2000.
O desgaste de 18 temporadas, porém, leva a uma sensação de "já vi esse filme". Desde o lançamento nos EUA, a média de público de "Survivor" caiu ao menos 50% no país, segundo o "New York Times". O programa, no entanto, se manteve em 2008 como o número um do horário nobre às quintas.
Um dos trunfos é a escolha dos cenários, sempre difíceis. Nesta temporada, a temperatura de 48 graus foi o primeiro obstáculo: "Três dias no Brasil e as equipes já começam a sofrer", diz o apresentador Jeff Probst, entre uma e outra menção à beleza do "Djalapáo".
Os elogios, contudo, não devem apaziguar o ressentimento de moradores locais, que reclamaram que, além dos supostos danos ao ambiente, tiveram acesso impedido em uma área pública durante as gravações.
As denúncias levaram a Procuradoria da República a iniciar apuração sobre se as gravações, concluídas em dezembro, causaram prejuízo ambiental.
A produção diz ter respeitado exigências da licença ambiental concedida por órgãos estaduais. A CBS nega danos e afirma que reciclou o lixo, tratou a água usada e distribuiu xampus e sabonetes biodegradáveis.


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