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Berlim opta entre modos distintos de fazer cinema
Vencedor do Urso de Ouro será anunciado hoje
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A BERLIM
O 59º Festival de Berlim
anuncia hoje o vencedor do Urso de Ouro. Entre os 18 longas
concorrentes, o júri presidido
pela atriz britânica Tilda Swinton tem a opção de legitimar
maneiras muito distintas de
encarar e de fazer cinema.
A seleção traz dois representantes de países em que desenvolver uma indústria cinematográfica parece meta improvável -o Uruguai ("Gigante") e o
Peru ("La Teta Asustada").
Quatro longas é o total de estreias nacionais que o Uruguai
teve em 2007. O líder de público foi a coprodução com o Brasil "O Banheiro do Papa" (76
mil espectadores). Os demais
foram vistos por 57 mil. De
acordo com o último dado disponível (de 2005), o Peru possui 204 salas de cinema.
Como o impacto da crise financeira mundial pautou as
discussões no Mercado do Filme (paralelo à competição) e
foi frequente no discurso do diretor do festival, o alemão
Dieter Kosslick, é natural que
se veja no resultado desta edição não apenas um reconhecimento às qualidades intrínsecas do vencedor mas também
um atestado de sobrevivência
-ou de torcida pela sobrevivência- de um modo específico de produção.
Nesse sentido, a proposta da
britânica Sally Potter para o cinema americano é o corte drástico de custos. Com "Rage", crítica ao mundo da moda, ela optou "por uma narrativa nua",
como afirmou. Concretamente, o filme consiste numa sequência de depoimentos de
atores para uma única câmera,
sob um fundo fixo (blue screen)
em que só a cor varia.
Atitude política
Com "London River", o francês Rachid Bouchareb levanta
outra bandeira -a de que o cinema tem um papel a cumprir
na reflexão e na crítica sobre os
problemas da humanidade.
Aqui, ele trata do terrorismo e
do preconceito contra o mundo
islâmico. Do ponto de vista cinematográfico, "London River" pertence à categoria de filmes em que o mais ressaltado é
a atitude política de seu diretor.
Mas a disputa tem também o
exemplo da longevidade de autores com uma assinatura particular, como o polonês Andrzej Wajda, 82, que reafirma seu
talento com "Sweet Rush".
Na recepção da crítica aos filmes houve apenas um consenso -o desprezo a "Mammoth",
título do sueco Lukas Moodysson falado em inglês e estrelado
por Gael García Bernal e Michelle Williams, considerado
uma platitude pretensiosa.
Curiosamente, "Mammoth"
é o concorrente que leva mais
longe o traço que Kosslick definiu como sendo o comum desta
edição -"Tratar do impacto da
globalização em vidas particulares". Neste caso, na vida de
um bem-sucedido casal nova-iorquino (Bernal e Williams),
de sua empregada filipina e de
seus respectivos filhos.
Moodysson disse que a ideia
do filme lhe ocorreu ao lavar
louças e pensar "como seria
limpar a casa de alguém ou ter
alguém limpando a sua casa".
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