"Um Certo Capitão Rodrigo" estará à venda no próximo domingo por R$ 14,90

O capitão Rodrigo Cambará é o protagonista da obra, cujo pano de fundo são as sangrentas batalhas da Revolução Farroupilha

DA REPORTAGEM LOCAL

Com o chapéu puxado para a nuca, o violão a tiracolo e a espada luzente apresilhada nos arreios de seu alazão, o capitão Rodrigo Cambará causa espanto ao chegar à modesta vila de Santa Fé, em 1828.
Uma frase dita em tom de desafio fere os brios do caboclo Juvenal Terra, irmão de Bibiana, moça por quem Rodrigo depois se apaixona ao vê-la no cemitério no Dia de Finados.
O caso complica-se, pois Bibiana também é cortejada por Bento Amaral, filho do chefe político local.
Mas o capitão não mede conseqüências. Para ele é "oito ou oitenta". Seu comportamento bravio e orgulhoso sugere o descortinar de uma tragédia. O personagem protagoniza o quinto volume da "Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros".
A novela "Um Certo Capitão Rodrigo", de Erico Veríssimo, integra a trilogia "O Tempo e o Vento", considerada a grande obra-prima do autor. Erico -cuja primeira obra, "Fantoches", foi lançada em 1932- pertence à geração de romancistas surgidos nas décadas de 1930 e 1940, como Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e Lúcio Cardoso.
Munidos de uma técnica banhada no realismo, na preocupação social e na investigação psicológica, esses escritores de modo geral procuraram dar feição à vida burguesa dos centros metropolitanos, apresentar um retrato multifacetado dos conflitos de determinadas regiões rurais -como o Nordeste da cana-de-açúcar e do cacau, e o Sul das estâncias.
Com uma prosa simples e direta, mas não destituída de alcance crítico, Erico atuou em ambas as frentes, produzindo romances urbanos, como "Clarissa", "Caminhos Cruzados" e "Olhai os Lírios do Campo", e enredos de cunho mais regionalista, como "O Tempo e o Vento". Bem-sucedido nas duas áreas, o autor conquistou uma popularidade que o fez ombrear com nomes como o de Jorge Amado.

Sinfonia
A crítica costuma apontar "O Tempo e o Vento", publicado entre os anos de 1949 e 1963, em sete volumes, como um dos pontos altos da literatura brasileira no século 20.
Composta ao modo de uma sinfonia, onde cada personagem contribui com um timbre próprio ao tema central, essa trilogia abrange 200 anos da história da formação do Estado do Rio Grande do Sul por meio da saga de uma família. Foi adaptada com êxito para a televisão por Doc Comparato, em 1985. Paulo José foi o diretor.
Com o pano de fundo das sangrentas batalhas da Revolução Farroupilha, os episódios envolvendo o capitão Rodrigo Cambará fizeram tanto sucesso que acabaram disponibilizados como volume de leitura independente.
O livro "Um Certo Capitão Rodrigo" estará à venda no próximo domingo nas bancas por R$ 14,90.


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