São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2008

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@folha.com.br

À mestra com carinho

A professora francesa Marie Rucki, que influenciou gerações de estilistas brasileiros, volta ao país para dar um curso de moda

Quando visitou o Brasil pela primeira vez, no final dos anos 70, a professora francesa de moda Marie Rucki quase morreu de tédio com a roupa feita pelos estilistas do país. Foram outras coisas que chamaram a sua atenção: a chita, tecido que não conhecia, e os uniformes dos empregados domésticos.
"O traje dos empregados era bem feito, com uma série de códigos e uniformes diferentes. Era algo que já não havia na Europa. Achei muito interessante", ela conta à Folha, em Paris. Rucki é diretora do Studio Berçot, uma das principais escolas de moda da França. Mas se alguém pesquisar no Google, em sites de língua francesa, a respeito de "Marie Rucki", encontrará apenas cerca de 90 referências -contra mais de 3.000 citações em português, a maioria em sites brasileiros.
Ocorre que, embora respeitada no meio mundial da moda, no Brasil madame Rucki é um verdadeiro mito. Seus cursos no país nas últimas duas décadas marcaram definitivamente os estilistas, ao ponto de se poder dizer que, sem ela, a moda brasileira não seria a mesma.
"Antes de conhecer Marie Rucki eu vivia numa caverna e só via as sombras. Depois dela, eu pude enxergar as coisas de fato", diz a estilista Glória Coelho, que foi uma das primeiras alunas da professora no Brasil, logo na sua primeira visita, em 1978, trazida pela Rhodia.
Outros estilistas, como Reinaldo Lourenço e André Lima, também foram alunos de Rucki em seus cursos breves no Brasil nas últimas duas décadas. Alguns resolveram embarcar para a França, para acompanhar o programa do Studio Berçot, como Lorenzo Merlino, Ocimar Versolato, Chiara Gadaleta e Fabiana Mortari.
"Ela me ensinou a ter um olhar crítico, a desenvolver um pensamento racional sobre a moda", afirma Merlino, que ficou quatro meses na escola. Quando veio pela primeira vez a São Paulo, a professora achou que iria desembarcar numa selva. "Encontrei uma cidade muito viva e divertida."
Ficou impressionada com as pessoas, a arquitetura, os grafites nos muros... "Mas não havia nada de importante na moda, porque não existia uma indústria forte como hoje", diz.
Neste mês Rucki estará outra vez em São Paulo para realizar, entre 24 e 28 próximos, conferências e um workshop, numa iniciativa da Escola São Paulo e do shopping Iguatemi.
Os tempos são outros. Segundo Rucki, hoje os estilistas brasileiros são bem mais informados, graças à globalização e à internet. "Alguns sabem até mais do que eu", brinca.
Ela também acredita que eles estão mais conscientes da riqueza do país e seguem no rumo certo para realizar uma moda sofisticada no Brasil. "O que falta aos brasileiros, porém, é às vezes dar mais tempo ao tempo, parar um pouco para refletir. Alguns vão muito rapidamente e se perdem no meio do caminho", diz a professora.


MARIE RUCKI EM SP
Quando:
de 24 a 28 de março; workshops, das 10h às 13h; conferências, das 19h às 22h
Onde: 9º andar do shopping Iguatemi (av. Brigadeiro Faria Lima, 2.232, SP)
Quanto: R$ 300 (pelas cinco conferências); R$ 2.900 (workshop)
Inscrições: Escola São Paulo (r. Augusta, 2.239, tel. 0/xx/11/3081-0364)


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