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Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@folha.com.br
À mestra com carinho
A professora francesa Marie Rucki, que influenciou gerações de estilistas brasileiros, volta
ao país para dar um curso de moda
Quando visitou o Brasil pela
primeira vez, no final dos anos
70, a professora francesa de
moda Marie Rucki quase morreu de tédio com a roupa feita
pelos estilistas do país. Foram
outras coisas que chamaram a
sua atenção: a chita, tecido que
não conhecia, e os uniformes
dos empregados domésticos.
"O traje dos empregados era
bem feito, com uma série de códigos e uniformes diferentes.
Era algo que já não havia na Europa. Achei muito interessante", ela conta à Folha, em Paris.
Rucki é diretora do Studio
Berçot, uma das principais escolas de moda da França. Mas
se alguém pesquisar no Google,
em sites de língua francesa, a
respeito de "Marie Rucki", encontrará apenas cerca de 90 referências -contra mais de
3.000 citações em português, a
maioria em sites brasileiros.
Ocorre que, embora respeitada no meio mundial da moda,
no Brasil madame Rucki é um
verdadeiro mito. Seus cursos
no país nas últimas duas décadas marcaram definitivamente
os estilistas, ao ponto de se poder dizer que, sem ela, a moda
brasileira não seria a mesma.
"Antes de conhecer Marie
Rucki eu vivia numa caverna e
só via as sombras. Depois dela,
eu pude enxergar as coisas de
fato", diz a estilista Glória Coelho, que foi uma das primeiras
alunas da professora no Brasil,
logo na sua primeira visita, em
1978, trazida pela Rhodia.
Outros estilistas, como Reinaldo Lourenço e André Lima,
também foram alunos de Rucki
em seus cursos breves no Brasil
nas últimas duas décadas. Alguns resolveram embarcar para a França, para acompanhar
o programa do Studio Berçot,
como Lorenzo Merlino, Ocimar Versolato, Chiara Gadaleta e Fabiana Mortari.
"Ela me ensinou a ter um
olhar crítico, a desenvolver um
pensamento racional sobre a
moda", afirma Merlino, que ficou quatro meses na escola.
Quando veio pela primeira
vez a São Paulo, a professora
achou que iria desembarcar
numa selva. "Encontrei uma cidade muito viva e divertida."
Ficou impressionada com as
pessoas, a arquitetura, os grafites nos muros... "Mas não havia
nada de importante na moda,
porque não existia uma indústria forte como hoje", diz.
Neste mês Rucki estará outra vez em São Paulo para realizar, entre 24 e 28 próximos,
conferências e um workshop,
numa iniciativa da Escola São
Paulo e do shopping Iguatemi.
Os tempos são outros. Segundo Rucki, hoje os estilistas
brasileiros são bem mais informados, graças à globalização e
à internet. "Alguns sabem até
mais do que eu", brinca.
Ela também acredita que
eles estão mais conscientes da
riqueza do país e seguem no rumo certo para realizar uma
moda sofisticada no Brasil. "O
que falta aos brasileiros, porém, é às vezes dar mais tempo
ao tempo, parar um pouco para
refletir. Alguns vão muito rapidamente e se perdem no meio
do caminho", diz a professora.
MARIE RUCKI EM SP
Quando: de 24 a 28 de março; workshops, das 10h às 13h; conferências, das
19h às 22h
Onde: 9º andar do shopping Iguatemi
(av. Brigadeiro Faria Lima, 2.232, SP)
Quanto: R$ 300 (pelas cinco conferências); R$ 2.900 (workshop)
Inscrições: Escola São Paulo (r. Augusta, 2.239, tel. 0/xx/11/3081-0364)
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