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Compradores viajam atrás
de artistas
DA REPORTAGEM LOCAL
Os colecionadores de arte popular têm traços comuns: conhecem, de trás
para a frente, a biografia
dos artistas e, não raro,
percorrem longos quilômetros de terra para conhecer o lugar de onde
saem as peças.
Tomar contato com essa
produção é conhecer, também, o país que a geografia
torna distante. "Se você
nasceu com os dois olhos
abertos, você se encanta",
diz o advogado João Maurício Pinho. "Não entendo
por que as pessoas penduram um pano da Birmânia
na parede e não uma peça
feita por um índio."
Cabe aqui o parêntese.
Encaixa-se na definição de
arte popular o trabalho indígena - aquele não repetitivo - e também o que as
cidades, à margem, produzem. O profeta Gentileza,
que escreveu nos viadutos
do Rio, é um dos nomes do
"Pequeno Dicionário da
Arte do Povo Brasileiro",
de Lélia Coelho Frota.
Pode-se dizer, ainda assim, que essa arte está
quase sempre ligada à natureza e que é mais praticada por homens - Izabel
Mendes da Cunha e Zica
Bergamin são algumas das
exceções. É também a faceta ligada à terra a que
mais atrai colecionadores.
O chef Alex Atala, por
exemplo, começou a coleção comprando, à toa, peças de índios e caboclos
que encontrava em viagens. "Comprava o que
achava bonito, mas agora
estou entendendo o trabalho do artista, a expressão,
a continuidade", diz.
A distinção entre habilidade manual e arte só
mesmo o treino do olhar, a
intuição e o gosto ensinam. "Para os artistas,
aquilo é pura necessidade
de expressão. A gente é
que diz o que é arte", define César Aché, que tem
mais de mil peças. Outros
conhecidos colecionadores são Fernão Bracher,
João Moreira Salles e Jarbas Vasconcelos.
(APS)
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