São Paulo, domingo, 14 de março de 2010

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Compradores viajam atrás de artistas

DA REPORTAGEM LOCAL

Os colecionadores de arte popular têm traços comuns: conhecem, de trás para a frente, a biografia dos artistas e, não raro, percorrem longos quilômetros de terra para conhecer o lugar de onde saem as peças.
Tomar contato com essa produção é conhecer, também, o país que a geografia torna distante. "Se você nasceu com os dois olhos abertos, você se encanta", diz o advogado João Maurício Pinho. "Não entendo por que as pessoas penduram um pano da Birmânia na parede e não uma peça feita por um índio."
Cabe aqui o parêntese. Encaixa-se na definição de arte popular o trabalho indígena - aquele não repetitivo - e também o que as cidades, à margem, produzem. O profeta Gentileza, que escreveu nos viadutos do Rio, é um dos nomes do "Pequeno Dicionário da Arte do Povo Brasileiro", de Lélia Coelho Frota.
Pode-se dizer, ainda assim, que essa arte está quase sempre ligada à natureza e que é mais praticada por homens - Izabel Mendes da Cunha e Zica Bergamin são algumas das exceções. É também a faceta ligada à terra a que mais atrai colecionadores.
O chef Alex Atala, por exemplo, começou a coleção comprando, à toa, peças de índios e caboclos que encontrava em viagens. "Comprava o que achava bonito, mas agora estou entendendo o trabalho do artista, a expressão, a continuidade", diz.
A distinção entre habilidade manual e arte só mesmo o treino do olhar, a intuição e o gosto ensinam. "Para os artistas, aquilo é pura necessidade de expressão. A gente é que diz o que é arte", define César Aché, que tem mais de mil peças. Outros conhecidos colecionadores são Fernão Bracher, João Moreira Salles e Jarbas Vasconcelos.
(APS)


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