São Paulo, domingo, 14 de março de 2010

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Jorge Amado volta aos cinemas em três filmes

"Quincas Berro d'Água" estreia em maio e "Capitães da Areia", em setembro

No próximo semestre, o diretor e roteirista Marcos Jorge começa a rodar "Os Velhos Marinheiros", que só deve estrear em 2011

FERNANDA EZABELLA
REPORTAGEM LOCAL

Em 1976, três filmes baseados na obra de Jorge Amado foram feitos pelas ruas de Salvador, "Tenda dos Milagres", "Os Pastores da Noite" e "Dona Flor e seus Dois Maridos", até hoje recordista de público do cinema nacional. O final dos anos 2000 também ficará marcado por outras três produções: "Quincas Berro d'Água" e "Capitães da Areia", filmados na mesma cidade em 2009, e "Os Velhos Marinheiros", a ser rodado no segundo semestre, com direção e roteiro de Marcos Jorge ("Estômago").
"Quincas", que estreia em maio, é o segundo filme de ficção dirigido por Sérgio Machado ("Cidade Baixa"), que diz dever a Jorge Amado "o privilégio de trabalhar com cinema". Foi ele quem o apresentou a Walter Salles, seu parceiro de muitos anos no cinema. Já "Capitães" é o longa de estreia de Cecília Amado, cujo avô Jorge apoiou sua carreira e revelou seu desejo de ter sido cineasta.
"Assim como em 1976, justamente o ano em que nasci, duas equipes estavam em Salvador produzindo filmes baseados em Jorge Amado, mas não se encontraram", conta Cecília.
Machado, 41, escolheu o ator Paulo José para fazer Quincas, o ex-funcionário público que vira o rei dos vagabundos. Ao morrer, seus amigos boêmios decidem levar o cadáver para uma última farra, que acaba em alto-mar, num saveiro, no meio de uma tempestade.
"Boa parte desta cena foi feita com computação gráfica", conta Sérgio, baiano como Jorge Amado (1912-2001). Os dois se conheceram em 1993, quando o escritor pediu para ver seu primeiro curta, "Troca de Cabeças", que mandou a Salles. Em homenagem, Sérgio deu o nome de Jorge ao seu filho.
Para adaptar "Quincas", o diretor e roteirista diz que foram necessárias "várias concessões", já que a história original é muito curta. Novos personagens foram adicionados, como a "espanhola fajuta" interpretada por Marieta Severo, interesse amoroso de Quincas.
Há também perseguições cômicas da família atrás do corpo e cenas dos bebuns escalando um prédio com o amigo morto. "É uma coisa de comédia física, tipo Buster Keaton, Chaplin. São coisas que não estão no livro, mas que poderiam estar", diz Sérgio. "É possível ser fiel a uma obra sem ser reverente, mas entendendo o livro e dialogando com o autor."

Capitães e marinheiros
Cecília Amado, carioca de 33 anos, concorda com Sérgio e fez uma adaptação bastante pessoal de "Capitães da Areia", sobre um grupo de meninos que vivem nas ruas de Salvador. É o livro mais vendido de Jorge Amado, escrito nos anos 30.
"Tentei ser fiel à poesia do Jorge Amado. O Jorge que eu conheci era diferente do Jorge de 24 anos", diz Cecília. "Ele mudou de uma ideologia radical e comunista para uma outra mais social e humanista."
No livro, o protagonista Pedro Bala vira um líder operário no final. No filme, a diretora se concentra em apenas um ano na vida do grupo, quando eles deixam de ser crianças. Pedro Bala também não é loiro, como no livro, e a trama foi dos anos 30 para os 50. "Capitães" tem estreia marcada para setembro.
Também no segundo semestre iniciam as filmagens de "Os Velhos Marinheiros", produzido pela Total Filmes e Warner Bros. A escolha das locações será no próximo mês e deverá envolver mais de um Estado para dar conta das histórias fantásticas do capitão protagonista.


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