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Jorge Amado volta aos cinemas em três filmes
"Quincas Berro d'Água" estreia em maio e "Capitães da Areia", em setembro
No próximo semestre, o diretor e roteirista Marcos Jorge começa a rodar "Os Velhos Marinheiros", que só deve estrear em 2011
FERNANDA EZABELLA
REPORTAGEM LOCAL
Em 1976, três filmes baseados na obra de Jorge Amado foram feitos pelas ruas de Salvador, "Tenda dos Milagres", "Os
Pastores da Noite" e "Dona
Flor e seus Dois Maridos", até
hoje recordista de público do
cinema nacional. O final dos
anos 2000 também ficará marcado por outras três produções:
"Quincas Berro d'Água" e "Capitães da Areia", filmados na
mesma cidade em 2009, e "Os
Velhos Marinheiros", a ser rodado no segundo semestre,
com direção e roteiro de Marcos Jorge ("Estômago").
"Quincas", que estreia em
maio, é o segundo filme de ficção dirigido por Sérgio Machado ("Cidade Baixa"), que diz dever a Jorge Amado "o privilégio
de trabalhar com cinema". Foi
ele quem o apresentou a Walter
Salles, seu parceiro de muitos
anos no cinema. Já "Capitães" é
o longa de estreia de Cecília
Amado, cujo avô Jorge apoiou
sua carreira e revelou seu desejo de ter sido cineasta.
"Assim como em 1976, justamente o ano em que nasci, duas
equipes estavam em Salvador
produzindo filmes baseados
em Jorge Amado, mas não se
encontraram", conta Cecília.
Machado, 41, escolheu o ator
Paulo José para fazer Quincas,
o ex-funcionário público que
vira o rei dos vagabundos. Ao
morrer, seus amigos boêmios
decidem levar o cadáver para
uma última farra, que acaba em
alto-mar, num saveiro, no meio
de uma tempestade.
"Boa parte desta cena foi feita com computação gráfica",
conta Sérgio, baiano como Jorge Amado (1912-2001). Os dois
se conheceram em 1993, quando o escritor pediu para ver seu
primeiro curta, "Troca de Cabeças", que mandou a Salles.
Em homenagem, Sérgio deu o
nome de Jorge ao seu filho.
Para adaptar "Quincas", o diretor e roteirista diz que foram
necessárias "várias concessões", já que a história original
é muito curta. Novos personagens foram adicionados, como
a "espanhola fajuta" interpretada por Marieta Severo, interesse amoroso de Quincas.
Há também perseguições cômicas da família atrás do corpo
e cenas dos bebuns escalando
um prédio com o amigo morto.
"É uma coisa de comédia física,
tipo Buster Keaton, Chaplin.
São coisas que não estão no livro, mas que poderiam estar",
diz Sérgio. "É possível ser fiel a
uma obra sem ser reverente,
mas entendendo o livro e dialogando com o autor."
Capitães e marinheiros
Cecília Amado, carioca de 33
anos, concorda com Sérgio e fez
uma adaptação bastante pessoal de "Capitães da Areia", sobre um grupo de meninos que
vivem nas ruas de Salvador. É o
livro mais vendido de Jorge
Amado, escrito nos anos 30.
"Tentei ser fiel à poesia do
Jorge Amado. O Jorge que eu
conheci era diferente do Jorge
de 24 anos", diz Cecília. "Ele
mudou de uma ideologia radical e comunista para uma outra
mais social e humanista."
No livro, o protagonista Pedro Bala vira um líder operário
no final. No filme, a diretora se
concentra em apenas um ano
na vida do grupo, quando eles
deixam de ser crianças. Pedro
Bala também não é loiro, como
no livro, e a trama foi dos anos
30 para os 50. "Capitães" tem
estreia marcada para setembro.
Também no segundo semestre iniciam as filmagens de "Os
Velhos Marinheiros", produzido pela Total Filmes e Warner
Bros. A escolha das locações será no próximo mês e deverá envolver mais de um Estado para
dar conta das histórias fantásticas do capitão protagonista.
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