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GLAUCO
Polícia identifica 2º suspeito de assassinato
Delegado diz que jovem, morador de São Paulo, dirigia o carro no qual estava o acusado de matar Glauco e seu filho
Policiais não acham rapaz em casa, mas advogado
da família negocia sua apresentação; autor dos tiros continuava foragido ontem
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil disse ontem
que identificou a pessoa que dirigiu o Gol cinza no qual estava
Carlos Eduardo Sundeld Nunes, 24, principal suspeito de
matar a tiros anteontem em
Osasco o cartunista, compositor e líder religioso Glauco Vilas Boas, 53, e o filho Raoni, 25.
Segundo o delegado Archimedes Cassão Veras Junior,
responsável pelo caso, ele é um
jovem paulistano, que, assim
como o principal suspeito, continuava foragido até ontem.
A polícia disse que chegou até
ele após descobrir a placa do
veículo utilizado no crime e
rastrear os seus dados -o carro
está no nome do jovem. A sua
identidade não foi revelada.
De acordo com o delegado,
policiais foram até a casa do
suspeito, mas ele não estava.
Logo depois, um advogado se
apresentou em nome da família
para negociar as condições para
que o jovem se entregasse.
Uma das exigências feitas pela família é que ele se apresente
em outra delegacia que não seja
a seccional de Osasco -onde as
investigações estão centralizadas-, porque teme o assédio da
imprensa e de curiosos.
Segundo o delegado, o suspeito deve se entregar no início
desta semana. A principal questão da polícia é identificar qual
foi a efetiva participação dele
no episódio -se apenas deu carona a Carlos Eduardo, conhecido como Cadu, sem saber de
suas intenções ou se sabia das
intenções do autor dos tiros.
A polícia espera que a apresentação do jovem possa levar à
prisão de Cadu, considerada
fundamental pelo delegado para esclarecer a principal questão do episódio: qual foi a motivação do crime? Veras Júnior
descartou a possibilidade de ter
ocorrido um latrocínio (tentativa de roubo seguida de morte). "Não há hipótese nenhuma
de ter havido um crime contra
o patrimônio", afirmou.
"O homicídio doloso [com intenção de matar] já ocorreu.
Ele vai responder [por esse crime]. As outras circunstâncias
só vão dosar aquilo que será encaminhado para o juiz", disse.
Além de esclarecer a motivação e a participação do jovem
identificado ontem, a prisão de
Cadu é considerada importante
pela polícia para saber quem
forneceu a arma, questão que
família não soube responder.
Para tentar fechar o cerco a
Cadu, a polícia monitora parentes, faz buscas e emite alertas para outros órgãos policiais.
Segundo a Secretaria de Estado
da Segurança Pública, a Polícia
Federal e a Interpol (polícia internacional), por exemplo, foram notificadas para impedir
que o suspeito deixe o país.
O crime
Para a polícia, segundo as testemunhas ouvidas, a versão
mais provável para o crime até
agora é a de que Cadu entrou na
casa de Glauco após render Juliana, enteada do cartunista,
que chegava da faculdade, por
volta da 0h de anteontem.
Lá dentro, agrediu a mulher
de Glauco e a nora dele, mulher
de Raoni, 25. Glauco desceu do
andar superior e encontrou as
duas sob a mira de uma pistola
765 -ele teria pedido, então,
para que apenas ele fosse feito
refém. Depois, saíram da casa.
Lá fora, além de falar muitas
frases desconexas, segundo testemunhas, Cadu queria que
Glauco o acompanhasse para
dizer a sua mãe que ele era Jesus. A família do cartunista diz
que ele concordou e que seguiam em direção ao portão
quando Raoni chegou da faculdade. O filho tentou convencer
o colega a desistir, houve uma
discussão, Cadu ameaçou se
matar, mas passou a atirar.
O suspeito, segundo o delegado, atirou dez vezes contra as
vítimas. Acertou cada uma delas quatro vezes. "Não houve
nem tempo de reação", disse.
O crime foi assistido pelas
quatro mulheres -a mulher de
Glauco, sua nora, sua enteada e
uma jovem que vive na casa-,
que colocaram os corpos no
carro para levá-los ao hospital.
"Problemático"
O pai e o avô de Cadu disseram à polícia considerá-lo uma
"pessoa problemática", mas
não achavam que ele fosse capaz de matar alguém. Segundo
relato do delegado Veras Junior, eles disseram que o jovem
era "perturbado", que já teve
acompanhamento "psicológico" e que usava drogas. "Eles
estão consternados", disse.
O delegado contou ainda que
o suspeito morava com os avós
paternos, não dava satisfação
dos seus atos e que, por isso, a
família não soube dar detalhes
do que fazia. "Ele tinha liberdade para fazer o que quisesse."
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