São Paulo, domingo, 14 de março de 2010

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GLAUCO

Polícia identifica 2º suspeito de assassinato

Delegado diz que jovem, morador de São Paulo, dirigia o carro no qual estava o acusado de matar Glauco e seu filho

Policiais não acham rapaz em casa, mas advogado da família negocia sua apresentação; autor dos tiros continuava foragido ontem

DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil disse ontem que identificou a pessoa que dirigiu o Gol cinza no qual estava Carlos Eduardo Sundeld Nunes, 24, principal suspeito de matar a tiros anteontem em Osasco o cartunista, compositor e líder religioso Glauco Vilas Boas, 53, e o filho Raoni, 25.
Segundo o delegado Archimedes Cassão Veras Junior, responsável pelo caso, ele é um jovem paulistano, que, assim como o principal suspeito, continuava foragido até ontem.
A polícia disse que chegou até ele após descobrir a placa do veículo utilizado no crime e rastrear os seus dados -o carro está no nome do jovem. A sua identidade não foi revelada.
De acordo com o delegado, policiais foram até a casa do suspeito, mas ele não estava. Logo depois, um advogado se apresentou em nome da família para negociar as condições para que o jovem se entregasse.
Uma das exigências feitas pela família é que ele se apresente em outra delegacia que não seja a seccional de Osasco -onde as investigações estão centralizadas-, porque teme o assédio da imprensa e de curiosos.
Segundo o delegado, o suspeito deve se entregar no início desta semana. A principal questão da polícia é identificar qual foi a efetiva participação dele no episódio -se apenas deu carona a Carlos Eduardo, conhecido como Cadu, sem saber de suas intenções ou se sabia das intenções do autor dos tiros.
A polícia espera que a apresentação do jovem possa levar à prisão de Cadu, considerada fundamental pelo delegado para esclarecer a principal questão do episódio: qual foi a motivação do crime? Veras Júnior descartou a possibilidade de ter ocorrido um latrocínio (tentativa de roubo seguida de morte). "Não há hipótese nenhuma de ter havido um crime contra o patrimônio", afirmou.
"O homicídio doloso [com intenção de matar] já ocorreu. Ele vai responder [por esse crime]. As outras circunstâncias só vão dosar aquilo que será encaminhado para o juiz", disse.
Além de esclarecer a motivação e a participação do jovem identificado ontem, a prisão de Cadu é considerada importante pela polícia para saber quem forneceu a arma, questão que família não soube responder.
Para tentar fechar o cerco a Cadu, a polícia monitora parentes, faz buscas e emite alertas para outros órgãos policiais. Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública, a Polícia Federal e a Interpol (polícia internacional), por exemplo, foram notificadas para impedir que o suspeito deixe o país.

O crime
Para a polícia, segundo as testemunhas ouvidas, a versão mais provável para o crime até agora é a de que Cadu entrou na casa de Glauco após render Juliana, enteada do cartunista, que chegava da faculdade, por volta da 0h de anteontem.
Lá dentro, agrediu a mulher de Glauco e a nora dele, mulher de Raoni, 25. Glauco desceu do andar superior e encontrou as duas sob a mira de uma pistola 765 -ele teria pedido, então, para que apenas ele fosse feito refém. Depois, saíram da casa.
Lá fora, além de falar muitas frases desconexas, segundo testemunhas, Cadu queria que Glauco o acompanhasse para dizer a sua mãe que ele era Jesus. A família do cartunista diz que ele concordou e que seguiam em direção ao portão quando Raoni chegou da faculdade. O filho tentou convencer o colega a desistir, houve uma discussão, Cadu ameaçou se matar, mas passou a atirar.
O suspeito, segundo o delegado, atirou dez vezes contra as vítimas. Acertou cada uma delas quatro vezes. "Não houve nem tempo de reação", disse.
O crime foi assistido pelas quatro mulheres -a mulher de Glauco, sua nora, sua enteada e uma jovem que vive na casa-, que colocaram os corpos no carro para levá-los ao hospital.

"Problemático"
O pai e o avô de Cadu disseram à polícia considerá-lo uma "pessoa problemática", mas não achavam que ele fosse capaz de matar alguém. Segundo relato do delegado Veras Junior, eles disseram que o jovem era "perturbado", que já teve acompanhamento "psicológico" e que usava drogas. "Eles estão consternados", disse.
O delegado contou ainda que o suspeito morava com os avós paternos, não dava satisfação dos seus atos e que, por isso, a família não soube dar detalhes do que fazia. "Ele tinha liberdade para fazer o que quisesse."


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