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Com mercado eufórico, NY abre suas galerias aos jovens pintores
HARRY BELLET
DO "LE MONDE", EM NOVA YORK
Nos Estados Unidos, o mercado
de arte contemporânea vem passando por uma euforia que algumas pessoas não hesitam em
comparar à dos anos 80. A prova é
o que vem acontecendo com os
artistas muito jovens apresentados na exposição "Greater New
York". A mostra acontece na PS1,
o mais importante centro de arte
contemporânea de Nova York,
que se fundiu com o Museu de
Arte Moderna (MoMA) em 1999.
O projeto, que está em sua segunda edição, envolve a escolha de jovens artistas da cidade.
A PS1 já reúne 164 nomes, e a
tendência dominante no projeto é
a pintura e o desenho. Jerry Saltz,
crítico do jornal "Village Voice",
constatou que 34 deles, ou cerca
de 20% dos artistas expostos, são
alunos ou acabam de se formar na
Universidade Columbia. Acrescenta que quase todos realizaram
exposições individuais e contam
com galerias que exibem seus trabalhos regularmente. Uma aluna
da Columbia resume o espírito do
momento: "A principal preocupação dos meus colegas de curso
não é o que deveriam pintar, mas
qual galeria escolher e como fixar
seus preços".
Esse frenesi pode ser constatado
em qualquer uma das 400 galerias
ativas no bairro de Chelsea, em
Nova York, e era visível nas duas
últimas edições da Feira de Arte
de Miami, cujos estandes oficiais
estavam repletos de compradores.
A tendência foi confirmada na
grande feira de artes de Nova
York, o Armory Show, em março,
onde a atividade mais elegante
consistia em furar a fila ou entrar
antes da abertura oficial da exposição para comprar antes dos outros. Para os colecionadores retardatários, o mais recente costume
adotado pelas galerias de arte de
Nova York é a lista de espera.
As listas dos artistas mais procurados são longas. No caso do
alemão Neo Rauch, 40 pessoas, no
de Luc Tuymans, 50. A revista
"New York" publicou um ranking
dos artistas emergentes, encabeçado por Dana Schutz. É uma pintura infantilizada, suja, colorida e
saturada, de onde emergem personagens que comem. Ou que se
devoram a si mesmas. Schutz é representada em Nova York pela
galeria Zach Feuer. Ela já consta
das coleções privadas de Rubell e
Saatchi, e seus trabalhos já fazem
parte do acervo do museu Guggenheim de Nova York.
As listas de espera geram inflação. Em 2003, um desenho de Julie Mehretu, vendido anteriormente por US$ 20 mil (R$ 51,79
mil), atingiu o triplo em leilões.
As galerias, além de assinarem
contratos com os artistas, agora o
fazem também com os colecionadores. Em uma edição recente do
"Journal des Artes", Roxana Azimi revelou que parte das obras da
nova escola de Leipzig expostas
com a coleção de Don e Mera Rubell na última Feira de Arte de
Miami não pertencia aos colecionadores, mas lhes havia sido "emprestada" por uma galeria. O nome de Rubell incitaria outros colecionadores a comprar.
Nos anos 50, as galerias norte-americanas ofereciam as obras de
seus clientes aos museus, o que as
legitimava aos olhos de seus clientes. A idéia persiste, permitindo
que o trabalho do artista seja integrado ao acervo de um museu,
aumentando seu valor. E é passível de dedução nos impostos.
Tradução Paulo Migliacci
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