JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA

Depois de ter subido a serra, o restaurante Le Bistro torna a descê-la, desta vez em direção a São Paulo. Nascido há 11 anos nas cercanias de Taubaté, no interior do Estado, desde 2004 o restaurante tem uma filial em Campos de Jordão.
Boa parte de seus clientes, mesmo no início, era composta de paulistanos a caminho (ou voltando) de Campos -não é de estranhar que a casa viesse se instalar diretamente na fonte de seu público.
Inaugurada há um mês, a nova filial fica dentro de uma loja de vinhos da Expand. O espaço do restaurante, bem alinhado, é pequeno. São só nove mesas, a maioria delas num terraço. Em contrapartida, a cozinha é bem montada e vistosa, exposta através de uma parede de vidro. Ali é o terreno de Rogério da Costa Vieira, o gaúcho de 58 anos que, na posição de chef-proprietário (e dono de uma fazenda de ostras em Florianópolis), criou o Le Bistro.
Embalado por longos anos trabalhando no ramo de alimentação, ele passou por inúmeros cursos de cozinha (entre eles o de pâtisserie na escola Lenôtre de Paris) antes de travestir-se de chef. Seus restaurantes têm feito sucesso, a ponto de agora ter sido convidado a integrar, na capital, a loja de vinhos montada pelos sócios Olavo Dante Maciel, Amadeu Maciel e Fernando Rossi, todos ligados à área de saúde.
O Le Bistro paulistano tem uma elegância discreta. Seu entorno -o balcão do bar, as prateleiras com apetrechos e livros de vinhos, caixas de charutos- dá-lhe um ar de clube privado, de pequeno segredo de amigos. A cozinha satisfaz aos olhos (pratos montados com esmero) e não decepciona o paladar. São receitas de base francesa, nas quais se imiscuem alguns ingredientes brasileiros, como o cupuaçu.
A refeição pode começar com uma quiche de bacalhau (de bom recheio, embora a massa seja mole, como se reaquecida de forma um pouco imprópria), pode prosseguir com um risoto de frutos do mar ou com o confit de coxa de pato com molho picante, arroz selvagem e tomate concassé (bom molho, confit macio, mas nada crocante na pele) e terminar com um strudel de maçã com sorvete de creme sobre um disco de damasco.
Não deu para entender muito como um restaurante numa loja de vinhos não servia vinhos em taça (o que permitiria experimentar um vinho a cada momento da refeição), mas a informação da casa é que isso logo seria implantado. A compensação é que, mesmo que a carta não seja enorme, você tem uma loja inteira para comprar seu vinho (ao preço de prateleira) e bebê-lo ali mesmo.