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Canadense k.d. lang aposta em disco introspectivo de inéditas
Gay assumida desde 92, cantora diz que hoje sua música supera sexualidade
BRUNA BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Depois de um hiato de oito
anos, a canadense k.d. lang
-em letras minúsculas, como
ela prefere-, 46, retorna com
canções inéditas, o que não fazia desde "Invincible Summer". Ainda que esteja cercada
de colaboradores, "Watershed"
é um disco bem autoral, que ela
compôs e produziu, o seu divisor de águas, como sugere o título, ao menos nos últimos
anos, em que reforçou sua carreira como intérprete.
Em "Hymns of the 49th Parallel" (2004), lang interpretou
uma coletânea de músicas de
compositores canadenses, entre eles Neil Young, Joni Mitchell e Leonard Cohen. Dois
anos antes, havia gravado com
Tony Bennett "A Wonderful
World", no qual dividiu com o
cantor clássicos americanos.
"Eu estive escrevendo nos últimos seis anos. Não havia um
conceito premeditado. O disco
é uma coleção de canções introspectivas, que narram minha vida nesse período", disse a
cantora em entrevista à Folha.
"Acho que o álbum realmente representa meu gosto musical, do jeito que eu sinto a música. Não é um disco de um produtor ou de uma banda."
A música country, que pautou o início de sua carreira,
aparece em instrumentos como o banjo ou a steel guitar
-em "Coming Home"-, enquanto o jazz está na elegância
de suas interpretações -ouça a
minimalista "Sunday".
"O country com certeza será
sempre parte da minha música.
Amo instrumentos como o
banjo." Lang toca esse e outros
instrumentos em nove das 11
faixas do disco. "E o jazz provavelmente é uma influência anterior ao country, especialmente seus cantores", diz. "Coleciono coisas de que gosto e as
misturo. Não categorizo minha
música ou planejo soar
country, por exemplo."
Além de introspectivo, "Watershed" é um disco delicado e
quase melancólico.
A homossexualidade que
lang tornou pública em 1992,
alardeada pela capa da "Vanity
Fair" em que aparecia sendo
"barbeada" pela modelo Cindy
Crawford, parece ter deixado
os holofotes. "O lado bom de
ter assumido é que talvez tenha
dado minha contribuição para
a sociedade. O lado ruim é que
talvez o foco estivesse mais na
sexualidade do que na música,
mas acho que isso mudou."
Brasil
A cantora se lembra bem do
show no Rio em 2003, quando
se apresentou com ingressos
esgotados: "Foi uma loucura no
fim", quando parte da platéia
ignorou os lugares sentados e
avançou ao palco. "Mas foi ótimo porque a música brasileira é
importante para mim. Poder ir
ao país e ter pessoas animadas
em me ver foi uma surpresa."
Até o final do ano a canadense faz turnê do disco, que pode
chegar ao Brasil no ano que
vem, como sugere lang.
WATERSHED
Artista: k.d. lang
Gravadora: Warner
Quanto: R$ 30, em média
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