São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 2008

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Canadense k.d. lang aposta em disco introspectivo de inéditas

Gay assumida desde 92, cantora diz que hoje sua música supera sexualidade

BRUNA BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Depois de um hiato de oito anos, a canadense k.d. lang -em letras minúsculas, como ela prefere-, 46, retorna com canções inéditas, o que não fazia desde "Invincible Summer". Ainda que esteja cercada de colaboradores, "Watershed" é um disco bem autoral, que ela compôs e produziu, o seu divisor de águas, como sugere o título, ao menos nos últimos anos, em que reforçou sua carreira como intérprete.
Em "Hymns of the 49th Parallel" (2004), lang interpretou uma coletânea de músicas de compositores canadenses, entre eles Neil Young, Joni Mitchell e Leonard Cohen. Dois anos antes, havia gravado com Tony Bennett "A Wonderful World", no qual dividiu com o cantor clássicos americanos.
"Eu estive escrevendo nos últimos seis anos. Não havia um conceito premeditado. O disco é uma coleção de canções introspectivas, que narram minha vida nesse período", disse a cantora em entrevista à Folha. "Acho que o álbum realmente representa meu gosto musical, do jeito que eu sinto a música. Não é um disco de um produtor ou de uma banda."
A música country, que pautou o início de sua carreira, aparece em instrumentos como o banjo ou a steel guitar -em "Coming Home"-, enquanto o jazz está na elegância de suas interpretações -ouça a minimalista "Sunday".
"O country com certeza será sempre parte da minha música. Amo instrumentos como o banjo." Lang toca esse e outros instrumentos em nove das 11 faixas do disco. "E o jazz provavelmente é uma influência anterior ao country, especialmente seus cantores", diz. "Coleciono coisas de que gosto e as misturo. Não categorizo minha música ou planejo soar country, por exemplo." Além de introspectivo, "Watershed" é um disco delicado e quase melancólico.
A homossexualidade que lang tornou pública em 1992, alardeada pela capa da "Vanity Fair" em que aparecia sendo "barbeada" pela modelo Cindy Crawford, parece ter deixado os holofotes. "O lado bom de ter assumido é que talvez tenha dado minha contribuição para a sociedade. O lado ruim é que talvez o foco estivesse mais na sexualidade do que na música, mas acho que isso mudou."

Brasil
A cantora se lembra bem do show no Rio em 2003, quando se apresentou com ingressos esgotados: "Foi uma loucura no fim", quando parte da platéia ignorou os lugares sentados e avançou ao palco. "Mas foi ótimo porque a música brasileira é importante para mim. Poder ir ao país e ter pessoas animadas em me ver foi uma surpresa."
Até o final do ano a canadense faz turnê do disco, que pode chegar ao Brasil no ano que vem, como sugere lang.


WATERSHED
Artista:
k.d. lang
Gravadora: Warner
Quanto: R$ 30, em média


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