INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O ano de 2020 está chegando e estamos prestes a desmoralizar outra ficção científica com data marcada: "No Mundo de 2020" (TCM, 1h50; não indicado a menores de 12 anos).
Desmoralizar, vírgula, porque "1984" até que não estava tão fora de esquadro assim. Tirando a suposição de que todo o controle sobre a população viria do comunismo, o resto -os controles cada vez mais opressivos sobre a individualidade- progride alegremente em nosso mundo.
Não é tão provável que isso aconteça com o mundo de 2020, isto é, que daqui a 11 anos estejamos todos reduzidos a uma dieta exclusiva de estranhos biscoitos verdes -o modo como é feito o biscoito encerra boa parte do encanto do filme.
Mas a ideia de controle monopolístico do mundo e do aumento da distância entre classes -fantasmas com que nos acena o trabalho de Richard Fleischer- estão longe de ser descartados. Ou antes, a crise atual parece arrefecer essas tendências, mas elas estão aí.


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