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Diretor de Cannes defende "cinema de equilíbrio"
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A CANNES
A exibição de "Fanfan la Tulipe", do francês Gérard Krawczyk
e com Penélope Cruz no elenco,
abre hoje o 56º Festival de Cannes,
que tem um filme brasileiro em
competição. "Carandiru", de
Hector Babenco, está entre as 20
produções de 13 países que disputam a Palma de Ouro.
O concorrente brasileiro -que
terá sessão de gala no Grande Palácio no dia 19- está ao lado de
cineastas veteranos em Cannes,
como o chileno Raoul Ruiz, o
americano Clint Eastwood e o inglês Peter Greenaway. O vencedor, apontado por um júri cujo
presidente é o cineasta e diretor
teatral Patrice Chéreau, será
anunciado no dia 25. Até lá o festival terá apresentado quase cem
filmes de longa-metragem e uma
retrospectiva da obra de Federico
Fellini (1920-1993), homenageado
desta edição. "Matrix Reloaded",
que tem sua pré-estréia mundial
neste festival, e "Fanfan la Tulipe"
não competem.
Responsável pela seleção da
mostra competitiva, o diretor artístico do Festival de Cannes,
Thierry Frémaux, falou à Folha.
Folha - Em 2002, "Cidade de
Deus", de Fernando Meirelles, esteve em Cannes, fora de competição. Este ano, o Brasil comparece
com "Carandiru", "A Janela Aberta" (Philippe Barcinski, na Palma
dos curtas), "Filme de Amor" (Julio
Bressane, na Quinzena dos Realizadores) e com o curta "Castanho"
(Eduardo Valente). Cannes começou a se interessar pela produção
brasileira pós-cinema novo?
Thierry Frémaux - Poderíamos
ainda citar a presença de Walter
Salles no júri do ano passado. Mas
a resposta é sim. Penso que a vitalidade do cinema brasileiro é real.
Ter um ano com jovens realizadores como Fernando Meirelles e
Karim Aïnouz ["Madame Satã]"
e, no ano seguinte, um veterano
como Hector Babenco é a prova
de que o Brasil continua sendo
um grande país para o cinema.
Folha - Ao anunciar os filmes em
competição o sr. disse que perseguiu o objetivo de se afastar da suposta divisão entre o cinema popular e o cinema de autor. É uma opção pelo gosto médio?
Frémaux - Não, ao contrário.
Trata-se de equilibrar um cinema
de pesquisa e um cinema clássico.
O objetivo não é reconciliar nem
cair na provocação. O cinema é
emoção. E a força da emoção não
tem a priori. Quando digo suposta divisão é porque estou um pouco farto da tentativa de opor um
cinema elitista a um cinema popular, como se os grandes filmes
da história do cinema não fossem
também sucessos populares.
Folha - No ano passado, a tolerância foi o tema do festival, que
escalou um competidor palestino
("Intervenção Divina", de Elia Suleiman) e um israelense ("Kedma",
de Amos Gitai). Este ano, com o
atraso do calendário de diversas
produções previstas para estar na
competição, o festival teve dificuldades para fechar a sua grade. O
que restou como tema geral?
Frémaux - De fato, não há um tema geral este ano. Deixo para os
participantes do festival e para a
imprensa a opção de propor uma
coerência ou uma desarmonia.
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