São Paulo, sexta-feira, 14 de maio de 2010

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Chinês sensibiliza plateia ao focar tragédia familiar

DA ENVIADA A CANNES

"Chongqing Blues", o primeiro exemplar da farta safra oriental da mostra competitiva de Cannes, indica que, de fato, é do outro lado do mundo que o cinema contemporâneo tem encontrado respiro criativo.
O filme foi dirigido por Wang Xiaoshuai, formado pela Academia de Cinema de Pequim, cineasta autoral que já teve dois títulos lançados no Brasil, "Bicicletas de Pequim" (2001) e "Sonhos de Shangai" (2005).
Em "Chongqing Blues", o cineasta volta a fazer uma espécie de crônica da sociedade chinesa. Mas, cinematograficamente, dá um passo além.
Triste como um blues, esse filme de aparência simples e atores impecáveis, trata de perdas e dores. Mas também do significado das imagens numa sociedade em que as vidas são vistas por meio de câmeras -sejam elas de circuitos de segurança ou de celulares.
A Chongqing do título é uma cidade do interior da China, onde os prédios são cinzentos e os sentimentos são recolhidos. Nós, espectadores, vamos conhecê-la pelos braços de um ex-morador que, após a morte do filho, resolve voltar para reconstruir, em detalhes, a tragédia familiar.
Tudo o que ele sabe, de início, é aquilo que o circuito interno de TV de um mercado mostra: após esfaquear uma funcionária e sequestrar uma moça, seu filho é morto pela polícia.
Marinheiro que se afastou da terra e do filho por muitos anos, o protagonista seguirá uma jornada de reencontro com cacos de sua história que foi deixando pelo caminho.
"Um aspecto muito importante que parece ficar um pouco escondido no filme é o do sentimento de valor", explicou Xiaoshuai, durante entrevista. "Num contexto de rápido crescimento econômico, fomos perdendo os nossos valores."
Ao unir o rigor técnico a uma história que, apesar de construída a partir de personagens contidos, não teme o melodrama, "Chongquing" tocou a plateia do festival. E aumentou a expectativa em torno dos outros orientais que virão. (APS)


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