Programa da Globo, que sai em DVD, tem protagonistas estereotipadas, mas ainda assim alcança boas risadas

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

Dizem que a mulher de 40 é a nova balzaquiana. A de 50, então, seria uma quarentona moderna. Uma moça segura, que passou por poucas e boas: casamentos, filhos, botox e experiências sexuais acumuladas. A minissérie da Globo "Cinquentinha", lançada em DVD, aposta nesse nicho de mulheres contemporâneas.
Mariana (Marília Gabriela) é uma fotógrafa. Lara Romero (Susana Vieira), uma atriz que vê o posto de diva ameaçado pela idade. E Rejane (Betty Lago), a mais engraçada, uma hippie preocupada com a neta que resolveu namorar um traficante.
As mulheres são parecidas com os estereótipos divulgados por aí. Namoram meninos mais novos, são independentes, não revelam a idade e vivem propagando que "são jovens".
Algumas têm tanto medo de envelhecer que ficam assustadas quando os netos, já adolescentes, as chamam de avó. Apesar de estereotipadas, as personagens "cinquentonas" até possibilitam risadas com suas trapalhadas. Mas "Cinquentinha", que foi apresentado no formato minissérie, está muito mais para novela.
A trama tem seus ares rocambolescos. As moças se encontram depois que um ex-marido comum (um canalha, claro) morre e deixa uma fortuna. Aí, a comédia, muitas vezes, assume ar caricato. É preciso apreciar a linguagem de novelas para achar engraçado (e entender) certas passagens.
Há, por exemplo, um palácio de um conde italiano onde vive uma mulher que tentou dar o golpe do baú. Ou aparições do ex-marido fantasma. Esse "realismo fantástico" é bem adequado aos folhetins.
Assim como as cenas de pastelão. Algumas funcionam. Outras soam ainda mais cansativas em DVD, em que você as- siste a vários capítulos na sequência. Isso se você não for um apreciador fanático de telenovelas.