São Paulo, sábado, 14 de maio de 2011 |
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Nanni Moretti filma papa que não consegue gerir o Vaticano Comédia dramática, "Habemus Papam" acompanha líder angustiado por sua incumbência Michel Picolli faz o papel principal; Moretti vive o psicanalista contratado para resolver o impasse ANA PAULA SOUSA ENVIADA ESPECIAL A CANNES Nanni Moretti, que ganhou a Palma de Ouro em Cannes com "O Quarto do Filho" (2001) e a palma de melhor direção por "Caro Diário" (1993), voltou à competição da Croisette com "Habemus Papam". O filme da vez transforma o ator Michel Picolli num Papa cheio de angústias. Moretti, trabalhando em seu registro habitual, o da comédia com toques dramáticos, coloca em quadro um Vaticano menos luxuoso que o normalmente retratado e fecha a câmera em cardeais de temperamento frágil -ou, simplesmente, humanos. "Muita gente esperava de mim um filme que denunciasse certas coisas do Vaticano", disse o diretor, que, na entrevista, nem de longe foi tão engraçado quanto são os personagens que encarna na tela. "Os escândalos de pedofilia e as notícias sobre a crise de autoridade da igreja, todos conhecemos. Isso é um bom motivo para não falar deles de novo", prosseguiu Moretti. "Quis criar meu papa, meu Vaticano, meus cardeais." E seu papa é um homem que, defrontado com o gigantismo da incumbência que lhe dão, fica paralisado. Eleito pelo conclave dos cardeais, ele deve aparecer no terraço do Vaticano para cumprimentar os fiéis. Ao ver a multidão, solta um grito e diz a frase que o acompanhará o filme todo: "Eu não consigo". ELOGIO A partir desse impasse, a um só tempo grotesco e dramático, Moretti vai desenrolar seu filme. Mais do que uma crítica à igreja, o roteiro, armado quase como farsa, faz um elogio à vida e aos desejos comuns. Enquanto o papa escapa do Vaticano, o psicanalista (vivido por Moretti) que foi chamado para socorrê-lo é proibido de sair de lá de dentro, para evitar escândalos. "O filme tem uma simetria entre o papa, que vai conhecer a vida nas ruas, e o psicanalista, que fica enclausurado ", definiu o cineasta que, apesar do tema aparentemente espinhoso do filme, esquivou-se de qualquer polêmica. Texto Anterior: Opinião/Novela: Beijo gay do SBT foi tapa na Globo e na Record Próximo Texto: Em disputa pela Caméra d'Or, filme brasileiro foi pouco aplaudido Índice | Comunicar Erros |
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