LUCIANA ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Jornalista, historiador, positivista, etnógrafo, orador, biólogo, tradutor, folclorista, epistológrafo, escritor, era um perfeccionista em todos os campos." Num fôlego só, Anna Maria Cascudo lê um texto que fala sobre seu pai e conclui: "Editem como quiserem". Afinal, com menos ou mais dados, toda lista de atributos de Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) parece sempre incompleta.
Do mesmo modo, o programa "Mundo da Literatura", que a STV exibe hoje, às 18h30, também deixa um gosto de quero mais.
São entrevistados: Tarcísio Gurgel, estudioso da obra cascudiana, Daliana Cascudo, neta de Cascudo e diretora do memorial dedicado a ele em Natal (RN). Além da filha citada acima.
Gurgel, entre outros aspectos que trata, tenta corrigir uma informação difundida sobre o escritor. Segundo ele, é incorreto afirmar que foi Mário de Andrade quem estimulou Cascudo em sua pesquisa folclórica durante a visita que o paulista fez ao potiguar, no final dos anos 20. Ela já existia.
Daliana apresenta todo o Memorial Câmara Cascudo, desde a sala onde estão as ferramentas de trabalho de seu avô, passando pelo acervo com cerca de 15 mil cartas recebidas por este e pela biblioteca, que abriga raridades, como um livro com dedicatória de Carlos Drummond de Andrade, entre outras salas do local.
Com Anna Maria, adentra-se a casa onde Cascudo morou em Natal. Lá, no entanto, vê-se muito do universo das relações "públicas" do folclorista. A sala onde fica seu piano, por exemplo, está repleta de fotos de amigos ilustres, como Villa-Lobos e Gilberto Freyre. Anna Maria, por sua vez, não deixa de destacar a amizade que o pai mantinha com a gente simples. Povo que Cascudo não só buscava em campo para composição de sua obra como o recebia na intimidade de seu lar, mas que não ganha voz no programa.