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LITERATURA
Poeta era considerado um dos mais importantes do século passado, tendo recebido em 2001 o Prêmio Camões
Morre o português Eugénio de Andrade
DA REPORTAGEM LOCAL
Eugénio de Andrade, português
considerado um dos melhores
poetas da língua no século 20,
morreu ontem em Porto, aos 82,
depois de um longo período de
doença. Traduzido em 20 línguas,
o poeta português -cujo verdadeiro nome era José Fontinhas-
era autor de extensa obra, tendo
publicado mais de 30 livros de
poesia, e outros de prosa, infantis,
antologias e traduções.
Nascido em 1923, em Póvoa de
Atalaia, Andrade era filho de
camponeses. Aos dez anos foi
morar em Lisboa e mais tarde
mudou-se para o Porto, onde viveu a segunda metade do século.
Nesses trajetos, foi acompanhado
por sua mãe, que, segundo críticos, é figura central em sua obra.
Sua poesia, como ele mesmo assumia, estava diretamente vinculada à tradição literária portuguesa e aos cenários de seu país natal.
Escrevendo desde os 13 anos,
publicou em 1948 seu primeiro livro de poemas, que acabou sendo
considerado sua mais importante
obra. "As Mãos e os Frutos" tornou-o conhecido nacional e internacionalmente.
Ao longo de sua carreira, Andrade buscou intensificar um uso
simultaneamente rigoroso e simples da linguagem. "A simplicidade é a elegância suprema, o que há
de mais difícil de conquistar em
arte. Quero a leveza, que é o que
me parece correto", afirmou em
entrevista de 2001, ano em que ganhou o prêmio Camões pelo conjunto da obra. Nesse mesmo ano,
publicou "Os Sulcos de Sede" e
disse que o livro e o prêmio demonstravam que ele, aos 78, ainda estava "sedento por poesia".
A mais recente edição brasileira
de sua obra, entretanto, é uma coletânea intitulada "Poemas de Eugénio de Andrade", publicada em
1999 pela Nova Fronteira.
Na última década, Andrade vivia bastante isolado na Foz, bairro
de Porto situado junto ao mar,
evitando aparecer em público.
Não era casado e não tinha filhos.
Ali foi construída a Fundação Eugénio de Andrade, na qual o escritor passou a viver a partir dos
anos 90. "Não gosto de ter nenhum tipo de convívio literário.
Nunca procurei fazê-lo e isso, na
minha opinião, tem a ver com a
poesia, que requer uma vida própria, longe desses grupos", disse o
português em 2001.
"Nada podeis contra o amor,/
Contra a cor da folhagem,/ contra
a carícia da espuma,/ contra a luz,
nada podeis./ Podeis dar-nos a
morte/ a mais vil, isso podeis/ -e
é tão pouco!", escreveu Andrade
no poema "Frente a Frente".
Com agências internacionais
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