São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 2011

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Musical dos criadores de "South Park" ganha nove prêmios Tony

"The Book of Mormon" narra jornada de missionários a Uganda

LUCAS NEVES
DE SÃO PAULO

Não poderia ser mais condizente com o tom de "The Book of Mormon", a montagem da Broadway que levou nove prêmios Tony (o Oscar do teatro comercial americano) anteontem, a fala der Chris Rock antes de entregar o troféu de melhor musical.
"Isso [a expectativa em torno da premiação de "Book", o grande favorito] é uma perda de tempo. É como levar uma prostituta para jantar", disse o comediante.
O musical, sucesso de público e de crítica em Nova York, foi criado pela dupla Matt Stone e Trey Parker, autores da animação "South Park". Ele segue dois missionários mórmons em Uganda.
Lá, eles grassam a fome, a miséria, os conflitos tribais e a violência sexual. A doutrina impessoal e abstrata que trouxeram na bagagem nada dirá àquela gente reificada.
Em diálogos e canções de incorreção política ímpar, os nativos darão a conhecer rotina de estupros de bebês por portadores do vírus HIV (convictos de que esse ato os curará), mutilação íntima feminina, homicídios aleatórios e abismo tecnológico em relação ao resto do mundo.
Enquanto o caxias Price se deprime pela inocuidade de suas palavras, Cunningham tenta calçar os ensinamentos de Joseph Smith, fundador da religião mórmon.
O acerto de "Book of Mormon" está em cobrir o bom-mocismo e a candura usuais do musical americano com um verniz ácido, autodepreciativo e nada maniqueísta.


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