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Grupo peruano é o destaque do FIT
Abertura do evento acontece hoje com "Um Molière Imaginário", espetáculo encenado pelo Galpão
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"O teatro, como a natureza,
mais que nunca necessita
atualmente de proteção, de
consciência sobre a enorme devastação ambiental, sobretudo
política, econômica e cultural."
O alarme é do diretor peruano Carlos Cueva, 59, à frente do
grupo LOT Teatro (Asociación
para la Investigación Teatral La
Otra Orilla), um dos destaques
da sexta edição do FIT (Festival Internacional de Teatro de
São José do Rio Preto), de hoje
até o dia 24.
A organização do encontro
do interior paulista (orçado em
R$ 1,9 milhão) acolhe as mais
diversas linhagens dessa arte
em palco, ao ar livre e em espaços não-convencionais. São sete atrações estrangeiras entre
as 51 da programação. A abertura acontece hoje na Represa
Municipal com o grupo mineiro Galpão, que apresenta o espetáculo de rua "Um Molière
Imaginário", direção de Eduardo Moreira, uma evocação ao
comediógrafo francês de "O
Doente Imaginário".
Criado em 1998, o grupo LOT
traz de Lima o projeto "Matéria
Material" (2002), que pertence
ao campo experimental das artes cênicas contemporâneas
que o FIT Rio Preto atrai.
Segundo Cueva, várias "matérias" confluem para um espetáculo que é teatro, mas corresponde mais a uma instalação,
como se verá na antiga fábrica
Swift, em meio a atores, espaço,
texto, música e máquinas.
Melancolia
Fragmentos textuais do escritor alemão autista Birger
Berlín (nascido em 1973) refletem uma melancolia desesperadora da época atual. Aquela
que, sob a perspectiva do LOT,
segue definindo os seres pelo
acatamento ao poder da norma,
"delimitando os que se exilam
(marginais) dos que não fazem
(normais)". Paradoxos da incomunicabilidade. Também serviu de inspiração o quadro "A
Lição de Anatomia do Dr.
Tulp", de Rembrandt, uma sondagem do corpo como objeto.
Um ano atrás, o LOT convidou o Teatro da Vertigem ("BR-3") e outros grupos para o simpósio "Zona Fronteiriça", que
ocupou um prédio abandonado
de Lima e resultou numa performance coletiva de "experiências que, em outras latitudes, e de maneira contundente,
contribuem para a expansão da
linguagem teatral".
Este primeiro final de semana traz ainda o "teatro sonoro"
que o compositor Livio Tragtemberg desenha em "Diário de
Um Louco", no Sesc Rio Preto.
Não se trata da peça clássica do
russo Gogol, mas uma novela
do chinês Lu Hsun (1881-1936),
um dos principais críticos de
sua sociedade no período de
pré-revolução maoísta (1973), e
depois dela. Sua escrita é freqüentemente associada às de
Jean Genet ou de Franz Kafka.
Teatro sonoro? "O público
senta-se em volta da atriz Rita
Martins, que procede a leitura
do texto com alterações eletrônicas na voz. O espaço é envolvido por um círculo de alto falantes no chão, que emitem
sons , ruídos, sussurros e que
dialogam com a atriz. Ao longo
da leitura, ela movimenta o
conjunto de alto-falantes reconfigurando o som no espaço
e estabelecendo novas situações dramático-sonoras", afirma Tragtemberg.
A intenção é estabelecer uma
relação mais direta com o espectador, de forma até contemplativa. "O foco é a geração de
imagens na mente do espectador através da riqueza de estímulos sonoros."
FESTIVAL DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Quando: de hoje a 24/7
Quanto: de R$ 2,50 a R$ 10
Mais informações, tel. 17/xx/ 11/
3215 1830 e www.festivalriopreto.com.br
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