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Ataques? Chamem o Super-Homem!
OK, o alienígena de Krypton, que volta hoje às telas, não é solução para os problemas de São Paulo -mas garante boa diversão
Em entrevista, diretor destaca a semelhança do ator com a imagem mítica do personagem, criada nas telas por Christopher Reeve
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
PCC? Atentados em São Paulo? Chamem o Super-Homem!
Ele pode não resolver o problema da Segurança Pública, mas
garantirá 154 minutos de diversão. Quase 20 anos após sua última aparição no cinema, o super-herói que é o maior símbolo de poder, virtude e, para muitos, do "american way of life",
está de volta à velha forma.
"Superman - O Retorno" traz
novamente aos moradores da
fictícia Metrópolis o alienígena
Kal-El -mais famoso na Terra
como Clark Kent ou, quando
em collant azul e sunga vermelha, como Super-Homem.
Dirigido pela jovem estrela
ascendente Bryan Singer (de
"Os Suspeitos" e dos dois primeiros "X-Men") e com um
elenco que mistura iniciantes
(Kate Bosworth, Brandon
Routh) e veteranos (Kevin Spacey, Frank Langella), a nova
aventura do homem de aço
mostra o herói voltando à Terra
após cinco anos de busca por
seu passado nos vestígios de
seu extinto planeta, Krypton.
A velha capa vermelha, bem
como os óculos do desajeitado
repórter Kent, são envergados
desta vez por outro novato (como Christopher Reeve quando
entrou no papel em 1978), o ex-garçom Brandon Routh.
Em entrevista coletiva em
Londres, que contou com Spacey (o novo Lex Luthor) e Bosworth (a rejuvenescida Lois Lane), Routh e Singer falaram sobre o processo de escolha do
ator para o mítico papel.
"Precisava de alguém que representasse a memória que todos tinham do Super-Homem",
disse Singer. "Ao conversar
com Brandon, notei nele aquele jeito calmo e aquela ética típicos de uma criação de interior, assim como Clark Kent."
Também chama a atenção a
enorme semelhança física entre o ator e o estereótipo do Super-Homem -é difícil não confundir Routh com Reeve.
"Tinha consciência do legado
do Super-Homem e de Christopher Reeve no papel, por isso
fui cuidadoso, respeitoso. Mas,
se me preocupasse em estar à
altura do personagem, não teria feito o filme", disse Routh.
A tarefa de mexer com um legado de 68 anos -o personagem foi criado por Jerry Siegel
e Joe Shuster em 1938- não assustou Singer, que reformulou
Lois Lane. "Fazendo "X-Men",
aprendi que sempre surge expectativa quando você mexe
com aspectos tradicionais dos
heróis. Neste caso, achei que
era necessário introduzir esse
cenário em que Lois Lane é casada e tem filho. É um inimigo
emocional para o herói, mais
poderoso do que a kryptonita."
O diretor também destacou
sua ligação pessoal com o personagem -ambos são adotados
e filhos únicos. "Sempre me
senti ligado ao Super-Homem,
por isso eu precisava contar a
história dele ao meu modo."
Seu modo dá ênfase ao aspecto emocional e humano dos
personagens em detrimento da
ação desenfreada. Também inclui a participação de velhos
amigos, como o ator Kevin Spacey, a quem lançou para a fama
em "Os Suspeitos" (1995).
Spacey, um ator com formação teatral e dois Oscar na prateleira, desdenhou do fato de
participar de seu primeiro
"blockbuster". "Se foi bom para
Marlon Brando, também é para
mim", disse o ator, em referência à participação de Brando no
filme de 1978 (ele também aparece no novo "Superman").
Pode até ser bom o suficiente, mas Spacey se espantou com
o esquema industrial. "É meio
bizarro, é a primeira vez que
participo de um filme desse tipo, que gera infinitos produtos.
Foi estranho entrar num supermercado e ver minha cara
numa caixa de cereal."
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