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crítica
Retorno do herói é atrevido e divertido
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O Super-Homem está
de volta, é verdade.
Mas o herói que
atravessou o século 20 com
brio, das histórias em quadrinhos ao cinema, volta
transformado.
Ele quase explode de vaidade, diante do aplauso popular, após um salvamento
espetacular. Ele dedica-se ao
mais vil voyeurismo, acompanhando cenas da vida conjugal de Lois Lane. Seu lado
humano desta vez estará
mais nele do que em seu alter
ego jornalista, Clark Kent.
Também Lois está mudada neste "Superman - O Retorno". Com o sumiço do Super-Homem, ela topou ficar
com um homem comum
-outro jornalista. Teve um
filho chamado Jason, ao qual
não pode se dedicar direito.
Lois virou uma mulher frustrada, maníaca por alimentos saudáveis, fumante às escondidas e manipuladora.
Melhor sorte teve Lex Luthor. Além de ser interpretado por Kevin Spacey, se livrou da prisão perpétua e almeja fazer o que fazem arquivilões: dominar o mundo.
Singer introduz o século 21
ao Super-Homem pelo viés
de uma crítica feroz. E fazer
dele uma celebridade vaidosa talvez não seja o aspecto
mais agudo desse criticismo.
Por outro lado, existe o cinema, esse criador insaciável
de mundos paralelos. Luthor
acredita no poder da imagem: sempre leva um auxiliar ao seu lado com uma câmera ligada. Quando expõe
seus planos perversos, o faz
diante de uma cidade de
brinquedo -uma maquete.
Breve, é como se Singer
questionasse o cinema por
seu pecado de criar mundos
falsos e deixar de lado o verdadeiro. Pois o cinema, como
Luthor, ambiciona criar o
que não existe, dar vida a
mundos inexistentes.
Se no final o filme cai um
pouco, não é nada que comprometa a alegria de ver uma
grande produção tão inventiva e atrevida.
SUPERMAN - O RETORNO
Direção: Bryan Singer
Produção: EUA/Austrália, 2006
Com: Brandon Routh, Kevin Spacey, Kate Bosworth
Quando: a partir de hoje nos cines Bristol, Kinoplex e circuito
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