|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Autores nacionais se destacam em Flip sem estrelas
Obras de escritores como Ferreira Gullar e Adélia Prado tiveram boa recepção no evento encerrado ontem em Parati
Organizadores planejam realizar a edição do ano que vem em julho; um dos nomes pretendidos é o português Lobo Antunes
DOS ENVIADOS A PARATI
Esvaziada de grandes nomes,
a 4ª edição da Flip trouxe poucas novidades significativas e
foi mais fraca, no geral, do que
as anteriores. Uma boa amostra
disso foi o sucesso de autores
nacionais conhecidos e já veteranos. Depois de uma apresentação emocional, com direito a
choro, Adélia Prado ficou por
quase quatro horas autografando seu livro ontem, o último dia
do evento.
No início da noite, o escritor
e colunista da Folha Ferreira
Gullar era o campeão de vendas na Livraria da Vila instalada no local, com "Poema Sujo"
-livro que está completando
30 anos. Em segundo e em terceiro, a própria Adélia (com
"Vida Doida" e "O Coração Disparado") e, em quarto, Ignacio
de Loyola Brandão, com "A Altura e a Largura do Nada".
O evento ficou maior, mas
apenas em seus projetos paralelos, a Flipinha (para as crianças) e a off-Flip (com programação de festas, saraus e
shows). Os organizadores explicam que o objetivo é esse
mesmo, manter a programação
oficial com o mesmo tamanho.
A Flip é avessa à idéia de se tornar um festival para grandes
platéias. O formato original, de
autores fazendo a leitura de
seus próprios textos para público reduzido, será mantido.
O pouco brilho da edição
deste ano se deve muito à falta
de critérios claros para a escolha dos autores e de afinidades
entre escritores que eram colocados para debater juntos.
O homenageado da festa,
Jorge Amado, ficou praticamente esquecido. Tirando a
mesa destinada a discutir sua
obra, o nome do escritor baiano quase não circulou na Flip.
A exceção honrosa foi o show
de Maria Bethânia, que leu trechos de romances e cantou em
sua memória.
A mesa mais concorrida foi a
que reuniu, no sábado, o colunista da Folha Fernando Gabeira e o jornalista britânico
Christopher Hitchens, com público de 874 pessoas na Tenda
dos Autores (o debate também
podia ser acompanhado na
Tenda da Matriz). Hitchens,
que defende a ação de Israel no
Líbano, confrontou diversas
vezes o público, chegando a
chamá-lo de idiota.
A segunda mais popular,
quase com o mesmo número
de participantes (872), foi a que
teve a poeta Adélia Prado. Em
terceiro, veio a norte-americana Toni Morrison (837), que
apresentou um discurso antipreconceito e criticou os EUA
("sinto vergonha").
Também agradaram bastante as participações do rapper
Benjamin Zephaniah, da divertida Ali Smith, do circunspecto
Jonathan Safran Foer e o espirituoso angolano Ondjaki.
A discussão entre Foer e
Smith no sábado à noite pode
ser considerada a mais "literária" propriamente dita dentro
do evento. Ambos discutiram o
processo de criação e de elaboração de seus livros.
A diretora de programação,
Ruth Lanna, anunciou que está
deixando o cargo porque vai viver um período no exterior e
que ainda não há um substituto
a caminho. Tampouco há nomes de escritores previstos para o próximo ano, mas os organizadores dizem que tentarão
novamente alguns autores que
sempre chamam e que nunca
puderam participar, como o
norte-americano Phillip Roth e
o sul-africano J.M. Coetzee.
O único que já está acenando
com uma possível participação
é o português Antonio Lobo
Antunes.
Por causa da Copa, pela primeira vez a Flip aconteceu em
agosto. Em 2007, o evento deve
voltar a ocorrer em julho, na
primeira semana, ou na última
semana de junho.
(EDUARDO SIMÕES, MARCOS STRECKER, SYLVIA COLOMBO)
Texto Anterior: Guilherme Wisnik: Culturas e estruturas em raio-X Próximo Texto: João Moreira Salles apresenta nova revista Índice
|