São Paulo, sexta-feira, 14 de agosto de 2009

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Beirut vem mostrar pop de múltiplas influências

Líder da banda conta que aproveitará estadia no Brasil para fazer pesquisas

Apresentações terão faixa que serviu de trilha para "Capitu" e músicas do álbum que gravou com orquestra fúnebre de metais mexicana

Divulgação
O multi-instrumentista norte-americano Zach Condon, terceiro da esquerda para a direita, durante uma apresentação do Beirut

SYLVIA COLOMBO
EDITORA DA ILUSTRADA

Zach Condon, 23, nunca foi à Beirute. Mas foi nesse ponto do mapa que o multi-instrumentista nascido em Santa Fé (Novo México) pensou quando decidiu dar nome à sua banda.
Tendo crescido longe dos grandes polos da indústria cultural norte-americana, e desde cedo se encantado com sonoridades de lugares distantes, o rapaz queria que seu som fosse identificado com "a ideia de um lugar desconhecido e exótico".
Nos shows que fará em setembro dentro do festival Panorama Percussivo Mundial na Bahia, no Rio e em São Paulo, Zach mostrará um pouco de cada um de seus trabalhos, inspirados em regiões variadas do globo. "Gulag Orkestar" (2006) e "Lon Gisland" (07) evocam a música dos Bálcãs. "The Flying Club Cup" (07), a francesa. "March of the Zapotec" (09), a mexicana. Por ora, só o primeiro foi lançado no Brasil.
A pegada multiculturalista do som do Beirut, porém, pouco tem a ver com um interesse particular de Zach por esses países. "Nunca quis me aprofundar muito. Tudo o que quero é fazer canções pop, diretas e de qualidade", diz.
E acrescenta que é guiado essencialmente por uma obsessão pelos instrumentos de sopro. "Leio, escuto e busco as diversas formas como são executados no mundo. Entro em contato e adapto para um formato acessível", resume.
Para um público mais alternativo que possa ver nesse interesse por sonoridades terceiro-mundistas ou "fora do eixo" uma posição anti-imperialista, não deixa de ser uma frustração. Mas Zach insiste em afirmar que não há orientação ideológica em suas escolhas.
No Brasil, seu trabalho ficou conhecido porque o diretor Luiz Fernando Carvalho selecionou a faixa "Elephant Gun" para embalar o romance de Bentinho e Capitu na adaptação de "Dom Casmurro", de Machado de Assis, que fez para a Globo (leia ao lado).
Zach conta que na estadia no Brasil quer fazer investigações musicais. "Gosto de Mutantes e Caetano Veloso, mas quero pesquisar mais, quem sabe para um trabalho futuro", conta.

Banda ou não banda?
O Beirut tem formação variável. Para gravações em estúdio, Zach convoca poucos colaboradores. Para shows, pode ter a participação de seis a 12 músicos -ou até mais. "Meu interesse maior está na criação em estúdio, que é mais solitária. Ao vivo tem de haver mais energia. É uma outra coisa."
Zach compõe desde cedo. Aos 16, largou a escola e foi para o leste da Europa. Encantou-se pelo trabalho do sérvio Goran Bregovic, autor das trilhas dos filmes do conterrâneo Emir Kusturica. De volta à casa dos pais, conta que passava horas criando música eletrônica e experimentando a partir das novidades colhidas em viagens.
Seu trabalho mais recente, "March of the Zapotec", surgiu de um convite para fazer a trilha de um filme em Oaxaca, no México. A produção não foi rodada, mas Zach aproveitou para gravar com uma orquestra fúnebre de metais local e trazer material para um álbum. Também fez uma versão livre de "La Llorona", clássico da canção popular mexicana imortalizado pela veterana Chavela Vargas.

Outras influências
Entre as principais influências de Zach estão o Magnetic Fields, conjunto norte-americano que faz um pop experimental com muitos sintetizadores, e o Arcade Fire, grupo canadense que tem em comum com o Beirut certo encanto pela psicodelia. Cantando, Zach lembra muito o jeito melancólico do canadense-americano Rufus Wainwright.


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