|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Beirut vem mostrar pop de múltiplas influências
Líder da banda conta que aproveitará estadia no Brasil para fazer pesquisas
Apresentações terão faixa que serviu de trilha para "Capitu" e músicas do álbum que gravou com orquestra fúnebre de metais mexicana
Divulgação
|
|
O multi-instrumentista norte-americano Zach Condon, terceiro da esquerda para a direita, durante uma apresentação do Beirut
SYLVIA COLOMBO
EDITORA DA ILUSTRADA
Zach Condon, 23, nunca foi à
Beirute. Mas foi nesse ponto do
mapa que o multi-instrumentista nascido em Santa Fé (Novo México) pensou quando decidiu dar nome à sua banda.
Tendo crescido longe dos
grandes polos da indústria cultural norte-americana, e desde
cedo se encantado com sonoridades de lugares distantes, o rapaz queria que seu som fosse
identificado com "a ideia de um
lugar desconhecido e exótico".
Nos shows que fará em setembro dentro do festival Panorama Percussivo Mundial na
Bahia, no Rio e em São Paulo,
Zach mostrará um pouco de cada um de seus trabalhos, inspirados em regiões variadas do
globo. "Gulag Orkestar" (2006)
e "Lon Gisland" (07) evocam a
música dos Bálcãs. "The Flying
Club Cup" (07), a francesa.
"March of the Zapotec" (09), a
mexicana. Por ora, só o primeiro foi lançado no Brasil.
A pegada multiculturalista
do som do Beirut, porém, pouco tem a ver com um interesse
particular de Zach por esses
países. "Nunca quis me aprofundar muito. Tudo o que quero é fazer canções pop, diretas e
de qualidade", diz.
E acrescenta que é guiado essencialmente por uma obsessão pelos instrumentos de sopro. "Leio, escuto e busco as diversas formas como são executados no mundo. Entro em
contato e adapto para um formato acessível", resume.
Para um público mais alternativo que possa ver nesse interesse por sonoridades terceiro-mundistas ou "fora do eixo"
uma posição anti-imperialista,
não deixa de ser uma frustração. Mas Zach insiste em afirmar que não há orientação
ideológica em suas escolhas.
No Brasil, seu trabalho ficou
conhecido porque o diretor
Luiz Fernando Carvalho selecionou a faixa "Elephant Gun"
para embalar o romance de
Bentinho e Capitu na adaptação de "Dom Casmurro", de
Machado de Assis, que fez para
a Globo (leia ao lado).
Zach conta que na estadia no
Brasil quer fazer investigações
musicais. "Gosto de Mutantes e
Caetano Veloso, mas quero
pesquisar mais, quem sabe para
um trabalho futuro", conta.
Banda ou não banda?
O Beirut tem formação variável. Para gravações em estúdio,
Zach convoca poucos colaboradores. Para shows, pode ter a
participação de seis a 12 músicos -ou até mais. "Meu interesse maior está na criação em
estúdio, que é mais solitária. Ao
vivo tem de haver mais energia.
É uma outra coisa."
Zach compõe desde cedo.
Aos 16, largou a escola e foi para
o leste da Europa. Encantou-se
pelo trabalho do sérvio Goran
Bregovic, autor das trilhas dos
filmes do conterrâneo Emir
Kusturica. De volta à casa dos
pais, conta que passava horas
criando música eletrônica e experimentando a partir das novidades colhidas em viagens.
Seu trabalho mais recente,
"March of the Zapotec", surgiu
de um convite para fazer a trilha de um filme em Oaxaca, no
México. A produção não foi rodada, mas Zach aproveitou para gravar com uma orquestra
fúnebre de metais local e trazer
material para um álbum. Também fez uma versão livre de "La
Llorona", clássico da canção
popular mexicana imortalizado
pela veterana Chavela Vargas.
Outras influências
Entre as principais influências de Zach estão o Magnetic
Fields, conjunto norte-americano que faz um pop experimental com muitos sintetizadores, e o Arcade Fire, grupo
canadense que tem em comum
com o Beirut certo encanto pela psicodelia. Cantando, Zach
lembra muito o jeito melancólico do canadense-americano
Rufus Wainwright.
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Opinião: Música barroca de banda exibe tom atemporal Índice
|