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livros
"Nós já nascemos filósofos", diz Gaarder
Escritor de "O Mundo de Sofia", best-seller entre os jovens, diz que achou mais fácil escrever sobre casal adulto
Trama de "O Castelo nos
Pirineus", a ser lançado
hoje na Bienal do Livro,
foi inspirada por tela
pintada por Magritte
MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE SÃO PAULO
Os leitores de Jostein Gaarder encontrarão em "O Castelo nos Pirineus", seu novo romance, o autor de sempre,
mas temperado com algumas novidades.
Mais uma vez, questões filosóficas e científicas são
costuradas em um enredo
com ritmo de suspense.
Agora, no entanto, os personagens quase sempre jovens do autor de "O Mundo
de Sofia" dão lugar a um casal de meia-idade. Um certo
tom de melancolia perpassa
todo o livro, acentuado ainda
pelo surpreendente final.
Namorados na adolescência, eles se reencontram 30
anos depois e começam a trocar e-mails.
Cada um vê o mundo de
forma distinta. Steinn é um
climatologista cético que crê
apenas na ciência, enquanto
Solrun é uma professora espiritualizada e mística.
"Ambos, de certa forma,
estão em mim", diz Gaarder.
O autor norueguês estará
hoje, às 19h, na Bienal do Livro. Também falará com o
público na segunda, às 13h.
Leia trechos da entrevista
que concedeu à Folha antes
de embarcar para o Brasil.
Folha - Por que deu ao livro o
mesmo título de uma pintura
de René Magritte, "O Castelo
nos Pirineus"?
Jostein Gaarder- Primeiro
de tudo, eu amo essa pintura.
A imagem [um asteroide gigantesco com a imagem de
um castelo no topo] é um ícone do mistério do universo.
Acho que combina bem com
a história do livro.
No livro, o homem é mais cético que a mulher. Com qual
dos dois o sr. se parece mais?
Eu acho que estou mais
próximo do homem. Porém,
ao criar a personagem feminina, me identifiquei fortemente com ela. Quanto mais
escrevia, mais ouvia a voz dela. No fim, acho que a história
começou num tipo de diálogo que fala de mim mesmo.
Acho que os dois estão na minha cabeça.
É possível chegar a uma síntese entre ciência e religião?
Acho que sim. Mesmo com
toda a ciência, há ainda muito mistério. O que é o cérebro
humano? O universo existe
por uma coincidência? Não
temos a resposta.
Em geral seus personagens
são jovens, mas desta vez estão na faixa dos 50 anos. Foi
diferente escrever o livro?
Desta vez, eu escrevi sobre
um homem e uma mulher
mais próximos da minha idade. Eu tenho 58 anos. Então
foi fácil escrever a história
porque pude relatar muitas
experiências que vivi. Escrevi muito sobre jovens, mas
agora talvez escreva mais sobre gente da minha vida.
Por que acha que "O Mundo
de Sofia", em que trilha a história da filosofia ocidental,
fez tanto sucesso?
Muitas pessoas têm interesse pela filosofia, mas pensam que ela é muito difícil.
Tentei fazer um bom entretenimento que também fosse
um investimento no aprendizado. As pessoas têm muita
necessidade de filosofia.
Por quê?
Na verdade, nós nascemos
curiosos, nascemos filósofos.
E, quando crescemos, todos
aprendemos a fazer perguntas. Nisso os adultos têm
muito o que aprender com a
mente curiosa dos jovens. Os
adultos acabam se acostumando com o mundo e ficam
acomodados, enquanto as
crianças são sempre muito
questionadoras.
21ª BIENAL INTERNACIONAL
DO LIVRO DE SÃO PAULO
QUANDO das 10h às 22h; até o dia
22 de agosto
ONDE Pavilhão de Exposições do
Anhembi (av. Olavo Fontoura,
1.209, tel. 0/xx/11/3060-5000)
QUANTO R$ 10
CLASSIFICAÇÃO livre
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