São Paulo, Sábado, 14 de Agosto de 1999
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Festival acaba hoje sem favorito

do enviado a Gramado

O 27º Festival de Gramado termina hoje sem um claro favorito ao Kikito de melhor filme.
Se o júri acompanhar as reações gerais do público e da crítica, os principais prêmios deverão ser repartidos entre os longas "Santo Forte", de Eduardo Coutinho, "Nós Que Aqui Estamos por Vós Esperamos", de Marcelo Masagão, "La Vida Es Silbar", de Fernando Pérez (Cuba), e "Los Amantes del Circulo Polar", de Julio Medem (Espanha).
O terceiro longa-metragem brasileiro em competição, "Por Trás do Pano", de Luiz Villaça, exibido anteontem, também foi bem recebido pelo público e tem boas possibilidades de prêmios em categorias como roteiro, fotografia, direção de arte, ator (Luiz Mello) e atriz (Denise Fraga).
O filme é uma comédia dramática que acompanha as relações interpessoais nos bastidores de uma montagem teatral de "Macbeth", de Shakespeare.
"Por Trás do Pano" tem como ponto forte suas soluções cenográficas e de iluminação, que criam um espaço virtual de representação, entre o palco e o "mundo real".
Seu ponto fraco é a superficialidade dos personagens e da maioria dos diálogos e piadas. Mas o filme ganha força e intensidade na sequência do último ensaio da peça, em que a tensão dramática cresce a cada fragmento da obra de Shakespeare.

Curtas desiguais
Num ano de poucos curtas-metragens de exceção, a preferência do público e da crítica parece recair sobre dois títulos, ambos de animação: "De Janela para o Cinema", de Quiá Rodrigues, e "Deus É Pai", de Allan Sieber.
O primeiro, realizado com bonecos de massinha, homenageia várias cenas e personagens do cinema e culmina com um encontro delicioso: Grande Otelo (caracterizado como Macunaíma) no colo de Marilyn Monroe, perguntando: "Está gostoso, coração?"
"Deus É Pai", um desenho animado de traços toscos e expressivos, empolgou a platéia com sua virulência subversiva: Deus pai e Jesus -este último com uma camiseta do Kiss- lavam a roupa suja de seu relacionamento milenar, diante de uma terapeuta. É de rolar de rir.
A noite de anteontem foi marcada por uma interminável homenagem ao casal de produtores Lucy e Luiz Carlos Barreto. Eles subiram ao palco com a família toda, da mãe de Lucy, Lucíola Villela, aos netos, passando pelos filhos cineastas Fábio e Bruno.
Depois disso, foi exibido o igualmente interminável vídeo "Lucy e Luiz Carlos Barreto -Uma Paixão de Cinema", de Fábio Barreto. (JGC)

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