UOL


São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Popstars" traz inusitada conclusão de que audiência não é tudo na TV

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A direção de "Popstars" (SBT), "reality show" que fabrica bandas teens, chegou a uma conclusão completamente inusitada na televisão: audiência não é essencial.
A segunda versão do programa, que irá formar um grupo de garotos, entrará na fase final a partir desta semana e tem registrado médias de 12 pontos no Ibope. É menos do que desejava a emissora, e está longe de ser um fenômeno de repercussão. Mas tudo bem: isso não impede que a "boyband" fabricada se transforme num "boom" de consumo teen.
Quando a primeira edição de "Popstars" chegou ao final, em setembro de 2002, considerava-se que havia sido um desastre, principalmente em comparação à repercussão e ao ibope de "Fama", da Globo, outra "fábrica de novos talentos" -exibida no mesmo período e dia da semana.
A Sony Music, parceira do programa do SBT, estava desolada: "Quando o programa terminou, só duas pessoas na gravadora ainda acreditavam no projeto. Tinha de colocar as fitas com os capítulos gravados porque até lá dentro tinha gente que não assistia", afirma o vice-presidente artístico e de marketing, Alexandre Schiavo.
Mas a redenção veio justamente depois de "Popstars" sair do ar: batizado de Rouge, o grupo de garotas "nascido" no "reality show" acabou se transformando num dos maiores fenômenos de venda de CDs dos últimos anos.
Em crise, o mercado fonográfico respirou aliviado: com cara de Spice Girls tupiniquins, as meninas venderam um milhão de discos em quatro meses com o hit "Ragatanga", o melhor resultado de 2002, de acordo com a Sony Music. O segundo CD, recém-lançado, já está em 200 mil cópias.
Com isso, "Popstars 2" não preocupa mais seus investidores, apesar do ibope semelhante ao da primeira versão: "A audiência pode não ser um estouro, mas, se a banda estourar, o programa alcançou o sucesso", disse Elisabetta Zenatti, diretora-geral da RGB Entertainment, produtora que detém os direitos do programa.
Aproveitando a onda Rouge, a RGB, que também empresaria o grupo, lançou DVD e VHS, com shows do grupo e o "melhor de "Popstars'". Foram vendidas, respectivamente, 50 mil e 18,5 mil cópias, resultado expressivo. "Numa pesquisa, descobrimos que os compradores se interessaram muito mais pelos trechos do programa do que pelos shows. Como não haviam assistido ao programa, queriam saber de onde as meninas surgiram. Foi um processo invertido: primeiro se interessaram pelo grupo, depois pelo "reality show'", afirmou Zenatti.
Outra surpresa para a cúpula de "Popstars" foi o fato de o grupo estourar sem ter participado de programas da Globo. Ironicamente, "Fama" seguiu trajetória oposta à do "reality" do SBT: teve desempenho melhor no ibope, repercussão, mas, nas lojas, nunca foi "campeão de audiência".



Texto Anterior: Seu barriga: Ator de "Chaves" visita o Brasil
Próximo Texto: "Reality" mostra a terceirização da programação
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.