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"Popstars" traz inusitada conclusão de que audiência não é tudo na TV
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A direção de "Popstars" (SBT),
"reality show" que fabrica bandas
teens, chegou a uma conclusão
completamente inusitada na televisão: audiência não é essencial.
A segunda versão do programa,
que irá formar um grupo de garotos, entrará na fase final a partir
desta semana e tem registrado
médias de 12 pontos no Ibope. É
menos do que desejava a emissora, e está longe de ser um fenômeno de repercussão. Mas tudo bem:
isso não impede que a "boyband"
fabricada se transforme num
"boom" de consumo teen.
Quando a primeira edição de
"Popstars" chegou ao final, em setembro de 2002, considerava-se
que havia sido um desastre, principalmente em comparação à repercussão e ao ibope de "Fama",
da Globo, outra "fábrica de novos
talentos" -exibida no mesmo
período e dia da semana.
A Sony Music, parceira do programa do SBT, estava desolada:
"Quando o programa terminou,
só duas pessoas na gravadora ainda acreditavam no projeto. Tinha
de colocar as fitas com os capítulos gravados porque até lá dentro
tinha gente que não assistia", afirma o vice-presidente artístico e de
marketing, Alexandre Schiavo.
Mas a redenção veio justamente
depois de "Popstars" sair do ar:
batizado de Rouge, o grupo de garotas "nascido" no "reality show"
acabou se transformando num
dos maiores fenômenos de venda
de CDs dos últimos anos.
Em crise, o mercado fonográfico respirou aliviado: com cara de
Spice Girls tupiniquins, as meninas venderam um milhão de discos em quatro meses com o hit
"Ragatanga", o melhor resultado
de 2002, de acordo com a Sony
Music. O segundo CD, recém-lançado, já está em 200 mil cópias.
Com isso, "Popstars 2" não
preocupa mais seus investidores,
apesar do ibope semelhante ao da
primeira versão: "A audiência pode não ser um estouro, mas, se a
banda estourar, o programa alcançou o sucesso", disse Elisabetta Zenatti, diretora-geral da RGB
Entertainment, produtora que
detém os direitos do programa.
Aproveitando a onda Rouge, a
RGB, que também empresaria o
grupo, lançou DVD e VHS, com
shows do grupo e o "melhor de
"Popstars'". Foram vendidas, respectivamente, 50 mil e 18,5 mil cópias, resultado expressivo. "Numa pesquisa, descobrimos que os
compradores se interessaram
muito mais pelos trechos do programa do que pelos shows. Como
não haviam assistido ao programa, queriam saber de onde as meninas surgiram. Foi um processo
invertido: primeiro se interessaram pelo grupo, depois pelo "reality show'", afirmou Zenatti.
Outra surpresa para a cúpula de
"Popstars" foi o fato de o grupo
estourar sem ter participado de
programas da Globo. Ironicamente, "Fama" seguiu trajetória
oposta à do "reality" do SBT: teve
desempenho melhor no ibope, repercussão, mas, nas lojas, nunca
foi "campeão de audiência".
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