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Festival acerta musicalmente e atrai 30 mil
DA REDAÇÃO
Quase 30 mil pessoas
(29.500, para ser exato, segundo a organização do festival). Nada mal para a primeira edição de um evento
que se propôs a apresentar
música e arte não convencionais -e que atingiu essa
meta, com a maior parte de
suas atrações.
Não que tenha sido totalmente novidadeira, esta primeira edição brasileira do
sonarsound -festival de
Barcelona que aconteceu em
São Paulo entre os dias 8 e 12
deste mês. Havia espaço para a música "tradicional",
como rock, electro, tecno,
drum'n'bass, mas o que fez o
diferencial foi trazer para o
país gente que provavelmente nunca teria como realizar
um show com infra-estrutura decente por aqui.
Gente como Kid Koala,
Prefuse 73, Liars, Matthew
Dear, LCD Soundsystem,
Beans, Pan Sonic etc.
A decisão de se dividir o
evento entre o Tomie Ohtake (durante o dia) e o Credicard Hall (noite) revelou-se
bem apropriada.
Atrações menos conhecidas, como a cantora Kevin
Blechdom -espécie de Janis Joplin pós-moderna, que
tocou com banjo e laptop-
e o grupo brasileiro Hurtmold -que se apresentou
com o trompetista Rob Mazurek, líder do Chicago Underground, num show prejudicado pela má equalização do som, em que mal se
ouviam os sopros- foram
escalados para duas das três
salas montadas no Tomie, e
chamam bom público.
Na noite de sábado, cerca
de 10 mil pessoas foram ao
Credicard Hall, e assistiram
boas apresentações de Metro Area, Matthew Dear e
Renato Cohen.
O palco principal foi tomado pelo hip hop underground, experimental. O
grupo EL-P, excelente em
disco, não funcionou ao vivo; o Prefuse 73 fez um dos
shows mais instigantes da
noite; eletrônica, rap e pós-rock se cruzaram num set
com muita improvisação.
Pesos-pesados, como Jeff
Mills, Ricardo Villalobos e
Laurent Garnier mostraram
que a música eletrônica -o
tecno em particular- vem
aos poucos atravessando
certa estagnação criativa
ocorrida há uns dois ou três
anos. O primeiro surpreendeu com um set de Detroit
tecno misturado com clássicos e com uma mixagem que
incluía vídeos no telão; o segundo, mesmo tendo tocado
às 6h de sábado, conseguiu
fazer o povo dançar com um
gostoso set de minimal tecno; já Garnier levou o tecno à
house, ao jazz, ao d'n'b e
mostrou que é sempre um
nome a ser visto, em qualquer evento.
Falhas
Se, por um lado, a parte
musical não decepcionou, o
sonarsound deixou a desejar
em alguns aspectos. Pelo
preço cobrado -de R$ 80 a
R$ 100 à noite; R$ 30 para a
parte diurna-, era de se esperar uma estrutura mais
caprichada, principalmente
no Credicard Hall.
Ali, além do palco principal, foi montada uma tenda
no estacionamento. Praticamente não havia nenhuma
decoração e, com a chuva de
sábado, formaram-se várias
poças de água no local.
Os preços de bebidas eram
salgados -sensivelmente
mais altos no Credicard do
que no Tomie. E problemas
de som prejudicaram o show
do islandês Mugison, que teve que trocar o laptop por
uma guitarra.
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