São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2004

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Festival acerta musicalmente e atrai 30 mil

DA REDAÇÃO

Quase 30 mil pessoas (29.500, para ser exato, segundo a organização do festival). Nada mal para a primeira edição de um evento que se propôs a apresentar música e arte não convencionais -e que atingiu essa meta, com a maior parte de suas atrações.
Não que tenha sido totalmente novidadeira, esta primeira edição brasileira do sonarsound -festival de Barcelona que aconteceu em São Paulo entre os dias 8 e 12 deste mês. Havia espaço para a música "tradicional", como rock, electro, tecno, drum'n'bass, mas o que fez o diferencial foi trazer para o país gente que provavelmente nunca teria como realizar um show com infra-estrutura decente por aqui.
Gente como Kid Koala, Prefuse 73, Liars, Matthew Dear, LCD Soundsystem, Beans, Pan Sonic etc.
A decisão de se dividir o evento entre o Tomie Ohtake (durante o dia) e o Credicard Hall (noite) revelou-se bem apropriada.
Atrações menos conhecidas, como a cantora Kevin Blechdom -espécie de Janis Joplin pós-moderna, que tocou com banjo e laptop- e o grupo brasileiro Hurtmold -que se apresentou com o trompetista Rob Mazurek, líder do Chicago Underground, num show prejudicado pela má equalização do som, em que mal se ouviam os sopros- foram escalados para duas das três salas montadas no Tomie, e chamam bom público.
Na noite de sábado, cerca de 10 mil pessoas foram ao Credicard Hall, e assistiram boas apresentações de Metro Area, Matthew Dear e Renato Cohen.
O palco principal foi tomado pelo hip hop underground, experimental. O grupo EL-P, excelente em disco, não funcionou ao vivo; o Prefuse 73 fez um dos shows mais instigantes da noite; eletrônica, rap e pós-rock se cruzaram num set com muita improvisação.
Pesos-pesados, como Jeff Mills, Ricardo Villalobos e Laurent Garnier mostraram que a música eletrônica -o tecno em particular- vem aos poucos atravessando certa estagnação criativa ocorrida há uns dois ou três anos. O primeiro surpreendeu com um set de Detroit tecno misturado com clássicos e com uma mixagem que incluía vídeos no telão; o segundo, mesmo tendo tocado às 6h de sábado, conseguiu fazer o povo dançar com um gostoso set de minimal tecno; já Garnier levou o tecno à house, ao jazz, ao d'n'b e mostrou que é sempre um nome a ser visto, em qualquer evento.

Falhas
Se, por um lado, a parte musical não decepcionou, o sonarsound deixou a desejar em alguns aspectos. Pelo preço cobrado -de R$ 80 a R$ 100 à noite; R$ 30 para a parte diurna-, era de se esperar uma estrutura mais caprichada, principalmente no Credicard Hall.
Ali, além do palco principal, foi montada uma tenda no estacionamento. Praticamente não havia nenhuma decoração e, com a chuva de sábado, formaram-se várias poças de água no local.
Os preços de bebidas eram salgados -sensivelmente mais altos no Credicard do que no Tomie. E problemas de som prejudicaram o show do islandês Mugison, que teve que trocar o laptop por uma guitarra.


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