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POLÍTICA CULTURAL
Projeto transforma-o em autarquia
Teatro Municipal, 94 anos, busca conquistar sua independência
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi em setembro de 1911 que o
Teatro Municipal abriu pela primeira vez as cortinas para São
Paulo. Neste 94º aniversário, ao
mesmo tempo em que promove
uma semana de espetáculos gratuitos envolvendo todo o seu corpo artístico, a administração volta-se para uma questão tão ou
mais relevante que as comemorações: a transformação do teatro
em autarquia.
O processo de mudança está em
curso e passa pela batuta do
maestro e diretor artístico do teatro, Jamil Maluf, que avalia a
transformação como "vital para a
regularização de contratos dos
músicos".
"Estamos ainda na fase de elaboração do projeto. É algo muito
complexo, mas as vantagens para
o teatro serão imensas, já que,
atualmente, apenas 30% do corpo
funcional e artístico do teatro possuem situação trabalhista estável", afirma o maestro.
A discussão e elaboração do texto se dá entre o corpo administrativo do teatro e a Secretaria da
Cultura. Segundo a diretora administrativa do Municipal, Miriam Mazzei, faltam ainda três
anexos a serem acrescentados ao
texto.
"O estatuto de autarquia mantém o teatro vinculado à prefeitura, mas facilita a captação e gestão
de recursos", diz Mazzei.
Segundo ela, a transformação
envolve impacto financeiro, já
que os custos com a folha de pagamento deverão passar de R$ 12
milhões para R$ 30 milhões.
Atualmente, o Centro Cultural
São Paulo e a Biblioteca Mário de
Andrade atravessam processo semelhante.
Coreografia inédita
A programação de aniversário
leva ao palco grande parte do corpo artístico do Municipal: Coral
Paulistano, Quarteto de Cordas,
entre outros.
"Só não incluímos a Orquestra
de Repertório, que está envolvida
na montagem de "Os Pescadores
de Pérolas'", afirma Maluf.
Entre os destaques da programação, estão as três apresentações do Balé da Cidade, que mostra a coreografia inédita "Adeus
Deus", de Sandro Borelli.
"O Sandro desenvolve temas
densos, difíceis. Essa nova coreografia fala sobre suicídio, e o resultado é um trabalho muito bonito, visualmente interessante",
diz a diretora artística do balé,
Mônica Mion. Os ingressos só poderão ser retirados no dia do espetáculo.
Um pouco de história
Um incêndio em 1898 foi o responsável por destruir o antigo
Teatro São José, na praça João
Mendes. A cidade ficou sem um
espaço que pudesse receber à altura as grandes companhias estrangeiras. É nesse contexto que
surge o Municipal, que tem projeto conjunto de Ramos de Azevedo
e dos italianos Cláudio e Domiziano Rossi. No dia da inauguração,
20 mil pessoas se acotovelavam
na porta para assistir à ópera
"Hamlet" de Ambroise Thomas
num teatro que futuramente sediaria, só para citar o exemplo
mais célebre, a Semana de 22.
O Municipal e Seus Artistas
Quando: até o dia 18
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de
Azevedo, s/nº, centro, tel. 0/xx/11/222-8698)
Quanto: entrada franca (retirar um par
de ingressos por pessoa no dia de cada
espetáculo, a partir das 10h)
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