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Brasil "baixou" mais de 1 bi de canções em 2005
Segundo pesquisa, 2,9 milhões de brasileiros usam a net para fazer download
Diretor da ABPD afirma que números são preocupantes e diz que processará judicialmente quem fizer troca ilegal de arquivos
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase 3 milhões de pessoas
no Brasil utilizam a internet
para fazer o download de músicas. E, em 2005, 1,1 bilhão de
canções foram baixadas no
país. Esses são os principais dados de pesquisa encomendada
pela Associação Brasileira dos
Produtores de Discos (ABPD)
ao instituto Ipsos Insight.
O segundo número é considerado especialmente "alarmante" pela entidade, já que a
maioria dos arquivos circulou
por meio de sites e serviços ilegais. Assim, a ABPD afirma que
utilizará a estratégia de processar judicialmente internautas.
"Isso vai fazer parte da nossa
campanha de conscientização.
A internet não é um território
100% livre", disse Paulo Rosa,
diretor geral da ABPD. "Estamos estudando a melhor maneira de iniciar o procedimento. Com a dimensão do problema, não vejo outra saída."
Para a pesquisa, realizada no
primeiro semestre de 2006, foram feitas 1.209 entrevistas em
dez regiões metropolitanas do
Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba,
Salvador, Fortaleza e Brasília).
Os resultados apresentados são
uma projeção com base nas respostas dos entrevistados.
Dos 2,9 milhões de brasileiros que utilizam a internet para
baixar canções, 4,2% gravou
músicas em CD, o que corresponde, segundo a ABPD, a cerca de 52 milhões de CDs -13%
a mais do que o número de CDs
originais vendidos no Brasil
durante o ano passado. "O que
nos assusta é o número de downloads, na casa do 1 bilhão",
afirma Rosa sobre a pesquisa, a
primeira em que a ABPD foca
no consumo de música digital.
"Os dados nos indicam duas
situações. A primeira é que
existe um potencial enorme para desenvolver o mercado de
música on-line no Brasil. A segunda é que há um descontrole
na atividade de troca de arquivos de música, e devemos combater esse problema."
Rosa cita as ações judiciais
promovidas pela RIAA (a associação das grandes gravadoras
dos Estados Unidos) e por entidades na Austrália e na Europa
como forma de inibir o consumo ilegal de música.
"A tendência é a de, como
aconteceu com o Grokster, de
outros sites se transformarem
em serviços legítimos."
No exterior, de acordo com
dados da Federação Internacional da Indústria Fonográfica
(IFPI), a queda do número de
CDs vendidos no mundo é
equilibrada pelo aumento do
consumo de música digital.
"O mercado brasileiro digital
está começando a se estabelecer. No exterior, a queda do comércio de formato físico é compensada com o comércio digital, tanto pelas vendas pela internet quanto as feitas por telefonia móvel. Mas no Brasil ainda não há essa compensação."
No Brasil, até o ano passado,
havia apenas o iMusica (www.
imusica.com.br) como grande provedor legal de música
on-line. Atualmente, além de
opções criadas pelas próprias
gravadoras, há serviços como a
Megastore do UOL (http://megastore.uol.com.br/) e o Sonora, do Terra (http://sonora.terra.com.br/). "A saída é aumentar o repertório de música
digital", afirma Rosa.
Otimismo
Gil Torquato, diretor corporativo do UOL, olha com otimismo para os números da
ABPD. "Encaro esses números
como boa notícia. O brasileiro
gosta de música, e isso está
comprovado pela pesquisa. Em
2005, o consumidor não tinha
as alternativas de comércio on-line que existem hoje."
Para ele, o comércio digital
deve fazer com que a pirataria
física diminua. "Pode-se baixar
músicas de qualquer lugar do
Brasil." Torquato cita como
sendo "um sucesso" as vendas
on-line do mais recente disco
de Caetano Veloso, "Cê".
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