São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 2006

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Brasil "baixou" mais de 1 bi de canções em 2005

Segundo pesquisa, 2,9 milhões de brasileiros usam a net para fazer download

Diretor da ABPD afirma que números são preocupantes e diz que processará judicialmente quem fizer troca ilegal de arquivos

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase 3 milhões de pessoas no Brasil utilizam a internet para fazer o download de músicas. E, em 2005, 1,1 bilhão de canções foram baixadas no país. Esses são os principais dados de pesquisa encomendada pela Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD) ao instituto Ipsos Insight.
O segundo número é considerado especialmente "alarmante" pela entidade, já que a maioria dos arquivos circulou por meio de sites e serviços ilegais. Assim, a ABPD afirma que utilizará a estratégia de processar judicialmente internautas.
"Isso vai fazer parte da nossa campanha de conscientização. A internet não é um território 100% livre", disse Paulo Rosa, diretor geral da ABPD. "Estamos estudando a melhor maneira de iniciar o procedimento. Com a dimensão do problema, não vejo outra saída."
Para a pesquisa, realizada no primeiro semestre de 2006, foram feitas 1.209 entrevistas em dez regiões metropolitanas do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Fortaleza e Brasília). Os resultados apresentados são uma projeção com base nas respostas dos entrevistados.
Dos 2,9 milhões de brasileiros que utilizam a internet para baixar canções, 4,2% gravou músicas em CD, o que corresponde, segundo a ABPD, a cerca de 52 milhões de CDs -13% a mais do que o número de CDs originais vendidos no Brasil durante o ano passado. "O que nos assusta é o número de downloads, na casa do 1 bilhão", afirma Rosa sobre a pesquisa, a primeira em que a ABPD foca no consumo de música digital.
"Os dados nos indicam duas situações. A primeira é que existe um potencial enorme para desenvolver o mercado de música on-line no Brasil. A segunda é que há um descontrole na atividade de troca de arquivos de música, e devemos combater esse problema."
Rosa cita as ações judiciais promovidas pela RIAA (a associação das grandes gravadoras dos Estados Unidos) e por entidades na Austrália e na Europa como forma de inibir o consumo ilegal de música.
"A tendência é a de, como aconteceu com o Grokster, de outros sites se transformarem em serviços legítimos."
No exterior, de acordo com dados da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), a queda do número de CDs vendidos no mundo é equilibrada pelo aumento do consumo de música digital.
"O mercado brasileiro digital está começando a se estabelecer. No exterior, a queda do comércio de formato físico é compensada com o comércio digital, tanto pelas vendas pela internet quanto as feitas por telefonia móvel. Mas no Brasil ainda não há essa compensação."
No Brasil, até o ano passado, havia apenas o iMusica (www. imusica.com.br) como grande provedor legal de música on-line. Atualmente, além de opções criadas pelas próprias gravadoras, há serviços como a Megastore do UOL (http://megastore.uol.com.br/) e o Sonora, do Terra (http://sonora.terra.com.br/). "A saída é aumentar o repertório de música digital", afirma Rosa.

Otimismo
Gil Torquato, diretor corporativo do UOL, olha com otimismo para os números da ABPD. "Encaro esses números como boa notícia. O brasileiro gosta de música, e isso está comprovado pela pesquisa. Em 2005, o consumidor não tinha as alternativas de comércio on-line que existem hoje."
Para ele, o comércio digital deve fazer com que a pirataria física diminua. "Pode-se baixar músicas de qualquer lugar do Brasil." Torquato cita como sendo "um sucesso" as vendas on-line do mais recente disco de Caetano Veloso, "Cê".


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