São Paulo, segunda, 14 de setembro de 1998

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RELÂMPAGOS
Resíduo insone

JOÃO GILBERTO NOLL
"Aragem" me toca mais que "Várzea aos Domingos", digo na cava surdina, entre uma esquina e outra. Mais adiante, na clareira, abro um buraco à unha. Deito as mãos lá dentro. O que fazer desse jeito trânsfuga, esterilizado contra a cadeia das coisas, hein? Vontade mesmo é de enterrar o insone resíduo de vergonha. E adormecer livre das mortalhas: só o difuso instante em que estarei a um passo do calcário refugo do mundo. No entanto ainda tenho fome e sede. Então me aquieto. E sento-me no degrau da igreja, abro a mão e peço.



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