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RELÂMPAGOS
Resíduo
insone
JOÃO GILBERTO NOLL
"Aragem" me toca mais
que "Várzea aos Domingos", digo na cava surdina,
entre uma esquina e outra.
Mais adiante, na clareira,
abro um buraco à unha.
Deito as mãos lá dentro. O
que fazer desse jeito trânsfuga, esterilizado contra a
cadeia das coisas, hein?
Vontade mesmo é de enterrar o insone resíduo de vergonha. E adormecer livre
das mortalhas: só o difuso
instante em que estarei a
um passo do calcário refugo
do mundo. No entanto ainda tenho fome e sede. Então
me aquieto. E sento-me no
degrau da igreja, abro a
mão e peço.
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