São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002
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VALMIR SANTOS DA REPORTAGEM LOCAL O caminhoneiro José Antônio Trevisan trabalha com frequência para companhias teatrais. Cenário desmontado, figurinos dobrados, linóleo enrolado, equipamentos de som, de luz, enfim, é só ajeitar tudo no baú e cair na estrada. Mas na próxima semana, pela primeira vez, Trevisan experimentará carregar "o" teatro. Ele é o motorista do Pano de Roda, projeto concebido pelos grupos paulistanos Pia Fraus, criado há 18 anos, Parlapatões, Patifes & Paspalhões, 11, e La Mínima, 4. Além da cenografia e outros objetos de praxe, dessa vez Trevisan vai rodar com inéditas 5 toneladas na carroçaria. Trata-se de uma estrutura metálica circular (27 metros de diâmetro) que é, ela mesma, palco e arquibancada para 450 espectadores acompanharem apresentações ao ar livre. A expressão "pano de roda" é recorrente em alguns rincões do país e designa circo montado sem lona, circundado apenas por tecidos estampados. E é assim não por opção, mas falta de recursos. Tudo acontecerá sob o sol, a lua ou a poeira; painéis transparentes, pintados em aquarelas, também envolverão o "circo-teatro" tal qual panos. Porém, sai a arquibancada de madeira, entra a de metal, devidamente estofada. Mais: entra dinheiro, R$ 467 mil do programa Petrobras Artes Cênicas, que permite girar o projeto com peças, oficinas ou debates, sempre gratuitos. O Pano de Roda começa na próxima quinta-feira, pelo Rio de Janeiro, no Arco da Lapa, e termina no dia 8/12, em São Paulo. No miolo da agenda estão Brasília, Goiânia, Cuiabá, Campo Grande, Curitiba e Porto Alegre. O circuito se estenderá a municípios próximos das capitais. "Sempre que possível, chegaremos primeiro às cidades vizinhas para depois alcançarmos a capital", afirma o ator Beto Andretta, 40, que integra o Pia Fraus com Beto Lima e Isabela Graeff. A idéia é mobilizar os moradores tanto quanto o são quando diante da chegada de um circo de lona. "Nossa intenção é dialogar com a produção local, os grupos, os estudantes", diz o ator e palhaço Hugo Possolo, 40, que faz parte dos Parlapatões com Raul Barretto e Claudinei Brandão. "Somos três grupos que têm afinidades justamente com o trabalho de grupo, de pesquisa continuada, de repertório", afirma o ator Domingos Montagner, 40, que faz dupla no La Mínima com Fernando Sampaio. A identidade se dá ainda pela linguagem. O Pia Fraus é mais afeito aos bonecos; os Parlapatões, à rua; e o La Mínima, ao circo. No fundo, todos se deixam contaminar pelo refinamento estético e pelo crivo popular. É o que se verá no espetáculo inédito "Pano de Roda", no qual os três elencos partilham a cena. E cada um levará ainda uma peça: "Bichos do Brasil" (Pia Fraus), "Nada de Novo" (Parlapatões) e "La Mínima Companhia de Ballet" (La Mínima). PANO DE RODA. Projeto de circulação de peças e oficinas com os grupos Pia Fraus, Parlapatões e La Mínima. Quando: de 19/10 a 8/12. Confira a programação das 20 cidades na internet: www.panoderoda.com.br. Quanto: entrada franca. Patrocinador: Petrobras. Texto Anterior: Barbara Gancia: Incrível! Vera Fischer está de namorado novo! Próximo Texto: Surgem novos projetos pós-Mambembão Índice |
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