São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2007

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Amigos se despedem de Paulo Autran

Ocorrida ontem em crematório, cerimônia reuniu cerca de 400 pessoas para homenagear o ator, que morreu na sexta

Velório na Assembléia Legislativa teve a presença de artistas como Tônia Carrero e Fernanda Montenegro

DA REPORTAGEM LOCAL

Após 13 horas de velório, no saguão da Assembléia Legislativa de São Paulo, a cerimônia de despedida do ator Paulo Autran foi realizada ontem, ao meio-dia, no crematório Vila Alpina, na zona leste. A cremação do corpo está prevista para hoje. Autran morreu às 16h10 de sexta-feira, vítima de câncer e enfisema pulmonar.
Cerca de 200 pessoas, entre amigos e familiares, acompanharam a cerimônia no salão do crematório. Segundo a Polícia Militar, também em torno de 200 pessoas ficaram do lado de fora. O diretor José Possi Neto, que dirigiu Autran em "Traições" (1982), fez um breve discurso de despedida.
A cerimônia durou 16 minutos e teve como fundo musical um CD da contralto inglesa Kathleen Ferrier, interpretando Bach, uma das preferências musicais de Autran.

Velório
O velório foi acompanhado por cerca de 400 pessoas ao longo da noite de sexta e da madrugada e manhã de ontem, segundo os cálculos da polícia. Havia desde companheiros de geração até jovens com quem o ator trabalhou recentemente, em 58 anos de carreira.
Ontem pela manhã, a viúva, Karin Rodrigues, reafirmou o desejo de Autran de divulgar que as conseqüências de sua morte foram agravadas pelo fumo, vício que alimentava desde os 28 anos e do qual não conseguiu se livrar. "Mesmo assim, o Paulo fez "O Avarento" com muita energia", disse a atriz.
Tônia Carrero, a atriz com quem Autran iniciou profissionalmente, em 1949, estava visivelmente abalada: "Se eu falar qualquer coisa vai ser trêmula e esquiva". Filho de Tônia, Cecil Thiré conviveu com Autran desde os cinco anos. "Não conheço outro ator brasileiro que tenha o repertório dele. Fez tudo: comédia, musical, tragédia, autores clássicos, modernos."
"Que as novas gerações se balizem por você", disse o ator e dramaturgo Juca de Oliveira, em fala no final do velório.
Maria Adelaide Amaral, autora de "Para Sempre" (1997), em que Autran contracenava com Celso Frateschi, também presente ao velório, destacou outro lado da personalidade do ator. "O que pouca gente sabe é que ele era um excelente conversador. O Paulo era uma pessoa muito engraçada, tinha sempre um olhar irônico, aguçado, sobre as coisas sérias."
"Só dá para falar lugares-comuns. É uma tristeza, fará uma falta muito grande", afirmou o apresentador Jô Soares.
Para o produtor e amigo Germano Baia, que o acompanhou nas últimas horas de vida, o legado "é do interesse pela vida, até o último momento, mesmo na cadeira de rodas".
"O que fica para a gente é a saudade. Aprendi demais com ele desde os 18 anos. A gente tem que continuar o trabalho dele", disse a atriz Marília Pêra. "Ele deixa o teatro como o infinito", afirmou o ator Antônio Abujamra.
Também compareceram ao velório Fernanda Montenegro, John Herbert, Elias Andreatto, Denise Stoklos, Bete Coelho, Marisa Orth, Marcos Caruso, José Rubens Chachá, Leopoldo Pacheco, Cássio Scapin, Paulo Vilhena, Adriane Galisteu e Arieta Corrêa.
Estiveram presentes ainda o governador José Serra, o prefeito Gilberto Kassab e o senador Eduardo Suplicy.
(VALMIR SANTOS, LUCAS NEVES, THIAGO NEY E BRUNA BITTENCOURT)

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