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Amigos se despedem de Paulo Autran
Ocorrida ontem em crematório, cerimônia reuniu cerca de 400 pessoas para homenagear o ator, que morreu na sexta
Velório na Assembléia Legislativa teve a presença de artistas
como Tônia Carrero e Fernanda Montenegro
DA REPORTAGEM LOCAL
Após 13 horas de velório, no
saguão da Assembléia Legislativa de São Paulo, a cerimônia
de despedida do ator Paulo Autran foi realizada ontem, ao
meio-dia, no crematório Vila
Alpina, na zona leste. A cremação do corpo está prevista para
hoje. Autran morreu às 16h10
de sexta-feira, vítima de câncer
e enfisema pulmonar.
Cerca de 200 pessoas, entre
amigos e familiares, acompanharam a cerimônia no salão
do crematório. Segundo a Polícia Militar, também em torno
de 200 pessoas ficaram do lado
de fora. O diretor José Possi
Neto, que dirigiu Autran em
"Traições" (1982), fez um breve
discurso de despedida.
A cerimônia durou 16 minutos e teve como fundo musical
um CD da contralto inglesa
Kathleen Ferrier, interpretando Bach, uma das preferências
musicais de Autran.
Velório
O velório foi acompanhado
por cerca de 400 pessoas ao
longo da noite de sexta e da madrugada e manhã de ontem, segundo os cálculos da polícia.
Havia desde companheiros de
geração até jovens com quem o
ator trabalhou recentemente,
em 58 anos de carreira.
Ontem pela manhã, a viúva,
Karin Rodrigues, reafirmou o
desejo de Autran de divulgar
que as conseqüências de sua
morte foram agravadas pelo fumo, vício que alimentava desde
os 28 anos e do qual não conseguiu se livrar. "Mesmo assim, o
Paulo fez "O Avarento" com
muita energia", disse a atriz.
Tônia Carrero, a atriz com
quem Autran iniciou profissionalmente, em 1949, estava visivelmente abalada: "Se eu falar
qualquer coisa vai ser trêmula e
esquiva". Filho de Tônia, Cecil
Thiré conviveu com Autran
desde os cinco anos. "Não conheço outro ator brasileiro que
tenha o repertório dele. Fez tudo: comédia, musical, tragédia,
autores clássicos, modernos."
"Que as novas gerações se balizem por você", disse o ator e
dramaturgo Juca de Oliveira,
em fala no final do velório.
Maria Adelaide Amaral, autora de "Para Sempre" (1997),
em que Autran contracenava
com Celso Frateschi, também
presente ao velório, destacou
outro lado da personalidade do
ator. "O que pouca gente sabe é
que ele era um excelente conversador. O Paulo era uma pessoa muito engraçada, tinha
sempre um olhar irônico, aguçado, sobre as coisas sérias."
"Só dá para falar lugares-comuns. É uma tristeza, fará uma
falta muito grande", afirmou o
apresentador Jô Soares.
Para o produtor e amigo Germano Baia, que o acompanhou
nas últimas horas de vida, o legado "é do interesse pela vida,
até o último momento, mesmo
na cadeira de rodas".
"O que fica para a gente é a
saudade. Aprendi demais com
ele desde os 18 anos. A gente
tem que continuar o trabalho
dele", disse a atriz Marília Pêra.
"Ele deixa o teatro como o infinito", afirmou o ator Antônio
Abujamra.
Também compareceram ao
velório Fernanda Montenegro,
John Herbert, Elias Andreatto,
Denise Stoklos, Bete Coelho,
Marisa Orth, Marcos Caruso,
José Rubens Chachá, Leopoldo
Pacheco, Cássio Scapin, Paulo
Vilhena, Adriane Galisteu e
Arieta Corrêa.
Estiveram presentes ainda o
governador José Serra, o prefeito Gilberto Kassab e o senador Eduardo Suplicy.
(VALMIR SANTOS, LUCAS NEVES, THIAGO NEY E BRUNA BITTENCOURT)
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