São Paulo, quarta-feira, 14 de outubro de 2009

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CONEXÃO POP

A internet ainda assusta


Gente como Sufjan Stevens e James Murphy mostram desconforto com a música hoje; Air lança bom novo CD


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

FRED ZERO Quatro, Lily Allen, Elton John, James Blunt, entre outros, já se manifestaram contra os downloads ilegais de música. Essa é a faceta agressiva da relação entre internet e músicos. A outra é um certo desconforto criado entre o modo de produção atual e aquele que existia até os anos 1990.
O curioso é que dois dos mais talentosos e modernos músicos de hoje, James Murphy e Sufjan Stevens, demostram essa aflição ao comentar a relação com a net e a voracidade com que a música é consumida.
"A internet nos concede uma disponibilidade sem precedentes de novas músicas a cada momento, o que eu chamo de acesso instantâneo de um excesso indiscriminado. [...] Minha carreira inteira está baseada no acesso a computadores baratos. Qualquer um pode fazer um disco, colocar no ar, fazer o download, fazer acontecer -independentemente de onde estiver. [...] Mas, cada vez mais hoje, esse excesso está me irritando. Às vezes eu sinto que poderia e deveria não participar disso, que minha música inofensiva não oferece nada de novo ou de benéfico."
Esse é Sufjan Stevens (www.sufjan.com) durante uma entrevista que pode ser lida, em inglês, aqui: http://bit.ly/OGzJj.

 

"Briguei com minha gravadora porque não queria ter uma página no MySpace. Porque, bem, porque eu sou velho e esquisito e ainda compro vinis e faço coisas como escrever cartas. E aquilo parecia tudo muito estranho."
Dá para imaginar que James Murphy, o cara por trás do LCD Soundsystem, o cara que fez talvez um dos três discos mais relevantes e originais desta década ("Sound of Silver"), não tenha intimidade com a internet?
Dá para ler o que Murphy pensa disso aqui: http://bit.ly/4sI4K1.

 

Tanto a entrevista de Sufjan quanto o comentário de Murphy me foram sugeridos via Twitter.

 

Diferentemente do que ocorre em relação à maioria dos nomes associados à música eletrônica, as 12 faixas de "Love 2", do Air, não são são construídas como viagens épicas. São canções curtas, em torno de três minutos de duração cada uma. O Air está mais próximo dos padrões pop do que das experimentações eletrônicas.
Há o clima econômico, porém sublime, de "You Can Tell It to Everybody". Já "Be a Bee" é "upbeat", para cima, rápida (para os padrões Air), quase pós-punk -não ficaria deslocada em um disco do Joy Division, por exemplo.
Em "Sing Sang Sung", o Air ilustra diversas conjugações do verbo "encantar" em cerca de três minutos. "Do the Joy", o single, tem vocal e melodia distorcidos, numa atmosfera misteriosa. "So Light Is Her Footfall" é uma balada que remete ao rock progressivo e psicodélicos dos anos 70.
thiago.ney@uol.com.br


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