|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Curador desiste da Bienal de Arquitetura
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A 8ª Bienal Internacional de
Arquitetura, que começa no
próximo dia 31, vive uma crise
de identidade.
O curador da exposição, Bruno Padovano, 58, renunciou ao
cargo no final do mês passado,
mas, contra a vontade, foi oficializado como "curador cultural" do evento, que seguirá em
cartaz até 6 de dezembro no Pavilhão da Bienal, em São Paulo.
Padovano, professor da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da USP), disse que
está "triste" por ter saído da
condução da mostra e que "vivia uma situação desgastante".
Segundo ele, a saída aconteceu por redução de orçamento
da Bienal e por menor autonomia do que ele gostaria de ter
na curadoria. "Achei que para a
direção do IAB [Instituto de
Arquitetos do Brasil, órgão que
coordena a exposição] iria ser
mais confortável se eu não estivesse mais à frente."
A presidente da seção paulista do IAB, Rosana Ferrari, 51,
afirmou que a organização da
Bienal não está mais com Padovano, mas que o nome dele será
mantido como "curador cultural". "A ideia central, o tema
["Ecos Urbanos"] e diversos
outros pontos do evento foram
dados pelo Bruno, por isso ele
vai assinar como curador cultural. Isso foi discutido com ele."
Como organizador, Padovano era voz ativa na coordenação geral e na diretoria-executiva do evento. Agora, os arquitetos Liane Makowski Almeida
e Demétrio Anastassakis foram
os nomes escolhidos, respectivamente, para ocuparem tais
cargos.
Padovano diz que, desde o
início da formulação do evento,
as decisões eram conjuntas,
mas que o cancelamento de algumas atrações da Bienal fez
com que ele renunciasse.
"Itens ligados à ideia da sustentabilidade, como painéis solares colocados no prédio e
uma "parede verde" em uma das
fachadas, foram cancelados por
falta de dinheiro", disse ele.
Ferrari confirma o orçamento menor -dos R$ 3 milhões
iniciais, a mostra passará a ter
R$ 2 milhões-, mas diz que as
linhas gerais dadas por Padovano se mantêm. "Os R$ 3 milhões seriam para uma Bienal
ideal, mas temos de lidar com o
que temos."
A lista de convidados internacionais ainda não foi confirmada, mas há a expectativa de
que o francês Christian de
Portzamparc e o suíço Jacques
Herzog participem dos debates. "O centro da Bienal serão
os workshops [sobre projetos
para a Copa do Mundo de 2014]
e os debates. Perdemos em algo
que seria exposto, mas o evento
não se resume a isso."
Ferrari ainda destaca um fórum sobre moradia social e habitação, organizado por Nadia
Somekh, professora da Universidade Mackenzie.
A 8ª edição da Bienal tem como tema "Ecos Urbanos" e vai
privilegiar a discussão do impacto, no urbanismo das grandes cidades, de dois megaeventos esportivos no Brasil, a Copa
do Mundo de 2014 e os Jogos
Olímpicos de 2016.
Texto Anterior: Crise econômica, protestos políticos e livros digitais marcam edição 2009 Próximo Texto: Feira terá novo livro de Dan Brown Índice
|