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Crise econômica, protestos políticos e livros digitais marcam edição 2009
MARCOS STRECKER
ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT
A 61ª Feira do Livro de
Frankfurt começa hoje marcada pela cautela, sob os efeitos
da crise econômica, e pela expectativa de protestos contra a
censura na China, o país homenageado de 2009.
Em setembro, em um debate
preparatório para o evento na
Alemanha, dois escritores dissidentes foram barrados por
pressão chinesa. Mesmo "reconvidados", o episódio levantou dúvidas sobre o espaço que
autores não oficiais terão.
Não será a primeira vez que o
país convidado desperta polêmica em Frankfurt. Em 2008, a
Turquia foi criticada por restringir a liberdade de expressão
de autores como o Prêmio Nobel Orhan Pamuk. São esperadas manifestações pró-Tibete.
"Vamos autorizar todas as formas de demonstração permitidas na Alemanha", disse o diretor do evento, Juergen Boos.
O principal encontro do mercado editorial do mundo
-7.000 editoras de mais de
cem países e uma previsão de
300 mil visitantes- deve ter
delegações mais enxutas como
reflexo da crise. Por economia,
a tradicional festa promovida
pela alemã Bertelsmann, proprietária da Random House
americana, foi cancelada.
A crise, no entanto, pode ter
reflexos positivos para o Brasil,
que foi menos atingido e já dá
sinais de reaquecimento. Luciana Villas-Boas, diretora-editorial da Record, diz que os editores brasileiros estão sendo
mais assediados. "Existe uma
preocupação muito grande dos
agentes, eles estão dando uma
atenção que não é comum."
O editor Paulo Rocco diz que
os agentes "gostam de vender
primeiro para o Brasil". Ele
acha que o evento ainda será
marcado pela crise. "Nas editoras estrangeiras houve muitas
mudanças e demissões."
O avanço do livro eletrônico
é o tema que deve dominar o
evento, uma discussão precipitada pelo lançamento internacional do Kindle, o leitor da
Amazon. O assunto está mobilizando editores, agentes e escritores. Para o público e os autores, os 20 anos da queda do
Muro de Berlim será um dos
principais temas em discussão.
Diversos escritores estarão
presentes, como o Prêmio Nobel Günter Grass, que fará uma
leitura em comemoração aos
50 anos de "O Tambor". Além
da presença das editoras nacionais, o Brasil participa com um
estande da Câmera Brasileira
do Livro que representa 46 editoras e quatro instituições.
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