São Paulo, quarta-feira, 14 de outubro de 2009

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Crise econômica, protestos políticos e livros digitais marcam edição 2009

MARCOS STRECKER
ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT

A 61ª Feira do Livro de Frankfurt começa hoje marcada pela cautela, sob os efeitos da crise econômica, e pela expectativa de protestos contra a censura na China, o país homenageado de 2009.
Em setembro, em um debate preparatório para o evento na Alemanha, dois escritores dissidentes foram barrados por pressão chinesa. Mesmo "reconvidados", o episódio levantou dúvidas sobre o espaço que autores não oficiais terão.
Não será a primeira vez que o país convidado desperta polêmica em Frankfurt. Em 2008, a Turquia foi criticada por restringir a liberdade de expressão de autores como o Prêmio Nobel Orhan Pamuk. São esperadas manifestações pró-Tibete. "Vamos autorizar todas as formas de demonstração permitidas na Alemanha", disse o diretor do evento, Juergen Boos.
O principal encontro do mercado editorial do mundo -7.000 editoras de mais de cem países e uma previsão de 300 mil visitantes- deve ter delegações mais enxutas como reflexo da crise. Por economia, a tradicional festa promovida pela alemã Bertelsmann, proprietária da Random House americana, foi cancelada.
A crise, no entanto, pode ter reflexos positivos para o Brasil, que foi menos atingido e já dá sinais de reaquecimento. Luciana Villas-Boas, diretora-editorial da Record, diz que os editores brasileiros estão sendo mais assediados. "Existe uma preocupação muito grande dos agentes, eles estão dando uma atenção que não é comum."
O editor Paulo Rocco diz que os agentes "gostam de vender primeiro para o Brasil". Ele acha que o evento ainda será marcado pela crise. "Nas editoras estrangeiras houve muitas mudanças e demissões."
O avanço do livro eletrônico é o tema que deve dominar o evento, uma discussão precipitada pelo lançamento internacional do Kindle, o leitor da Amazon. O assunto está mobilizando editores, agentes e escritores. Para o público e os autores, os 20 anos da queda do Muro de Berlim será um dos principais temas em discussão.
Diversos escritores estarão presentes, como o Prêmio Nobel Günter Grass, que fará uma leitura em comemoração aos 50 anos de "O Tambor". Além da presença das editoras nacionais, o Brasil participa com um estande da Câmera Brasileira do Livro que representa 46 editoras e quatro instituições.


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