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EVENTO
Sesc-SP abre hoje maratona com cerca de 150 atrações nas áreas de música, teatro, dança, literatura e artes visuais
Balaio quer iluminar cafundós do Brasil
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Babel em 97, com 84 expressões
da cultura urbana. Mundão em
98, com 400 atrações populares
que guindaram a periferia (Santo
Amaro, zona sul) para o "centro".
E agora Balaio, com cerca de 150
"manifestações culturais".
Os nomes dão bem a medida
dos projetos de proa do Serviço
Social do Comércio (Sesc) em São
Paulo. A bola da vez é o Balaio
Brasil, de hoje até o dia 26.
Ao contrário do Babel, que lançou a pedra fundamental do Sesc
Pinheiros, e do Mundão, idem para o Sesc Santo Amaro, o Balaio
vai se esparramar por nove unidades da instituição, contemplando
os quatro pontos cardeais da cidade, além da região central.
Ainda no rastro dos 500 anos do
Descobrimento, o projeto quer
dar visibilidade para os artistas
que vêm dos cantões do país e dificilmente chegariam ao "Sul maravilha" pelas vias normais
-produção mínima com alimentação e hospedagem, por
exemplo.
"Além do público, é importante
que os produtores culturais confiram o potencial desses criadores",
afirma o gerente de ação cultural
do Sesc-SP, Ivan Giannini, 50.
Apesar do espectro da cultura
popular, Giannini garante que esse não foi o recorte utilizado pela
curadoria. O que se verá, diz, "são
trabalhos contemporâneos que
fazem releituras ou imprimem
linguagens modernas".
Apesar desse verniz, a tradição
reveste boa parte da programação. São Paulo ouvirá pela primeira vez, por exemplo, a Banda de
Zabumba de Lagarto, município a
cerca de 100 km de Aracaju (SE).
Trata-se de um legado artístico
de Zé Terreno, um zabumbeiro
que começou a tocar na cidade há
cerca de 160 anos e marcou gerações futuras. Seus bisnetos, o pipoqueiro José Carlos e o cortador
de carne Enoque, encabeçam o
conjunto que segue participando
de reisados e novenas.
"Os tocadores de zabumba são
todos senhores de idade e exercem muita influência na cultura
local", afirma o cantor e compositor autodidata Ademir Tacer, 27,
que traz para o Balaio o duo Lacertae, também de Lagarto
-uma mistura de música nordestina, jazz e bossa nova.
Do Acre, se apresentam os índios da tribo ashaninka, com canções rituais do CD "Homãpani
Ashaninka", a voz do povo ashaninka. "É uma música que lembra
o Olodum, mas com uma sonoridade da floresta amazônica", afirma a cineasta Nicole Algranti, 34,
que conviveu durante oito anos
com a tribo.
O grupo Cafundó de Contadores de Histórias, de Teresina (PI),
formado em 97, evoca a oralidade
em "Histórias e Lendas do Piauí".
"Como são lendas que não estão
em livro, a gente aumenta um
pouquinho com teatro, mas a oralidade é nossa principal ferramenta", afirma Ana Miranda, 39,
parceira de Maria Evelin, 36.
A festa de abertura do Balaio
Brasil acontece hoje, no Sesc Belenzinho, com um mix que faz jus
ao projeto: Cássia Eller, Zé Ramalho, Lia de Itamaracá, Inocentes e
Demônios da Garoa.
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