CRÍTICO DA FOLHA

Para quem passou quase todos os seus 65 anos de existência longe do espectador, até que "Detour - Curva do Destino" não pode se queixar de sua sorte brasileira.
Há tempos, a extinta Aurora trouxe uma edição modesta (sem extras, cópia de segunda), mas que pôde ser recebida como feito admirável.
Agora, a Videofilmes dedica a esta pequena obra-prima uma nova edição, com cópia de primeira e um documentário sobre o diretor Edgar G. Ulmer (1904 -1972).
"Detour" foi produzido em 1945 por Leon Fromkess para a PRC, pequena empresa do "Poverty Row", o lugar dos estúdios dedicados a filmes B na Hollywood clássica.
Nesse filme noir, um músico é desviado de seu destino após uma morte acidental e uma chantagista ter se enfiado em seu caminho. Ulmer filma com notável economia de recursos, sem perder o prumo e com momentos de enorme inventividade.
Apesar de ser considerado um diretor de filmes de baixo orçamento, um estigma terrível do qual nunca se livrou, realizou filmes muito interessantes, como "Madrugada da Traição", notável faroeste com apenas três personagens feito nos anos 1950.
"Detour - Curva do Destino" é muito mais do que um feliz acaso: é a súmula do trabalho de um diretor com muita cultura e muito olho. (INÁCIO ARAUJO)