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ANÁLISE
Nem FHC escapa às seduções das drags
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
Kaká di Polly é a nossa Divine, a versão para lá de brasileira do performer do filme de
John Waters. Mais que isso, Kaká
é uma das grandes personalidades da cena gay na cidade: apareceu em 85, vestida de borboleta
prateada no famoso Carnaval da
boate Corintho. Mas ganhou visibilidade mesmo nos anos 90, com
o boom da cultura drag no país.
Desde o início da década, as
drags passaram a simbolizar o
modelo de sexo seguro que precisou ser implantado pós-Aids. Representam a diversão suprema,
leve, alegre e desencanada. Espécie de anjos noturnos, dessexualizados e assexuados, apesar de terem no sexo seu tópico principal.
Brincando, elas conseguem
mesmo relaxar preconceitos e
ampliar as fronteiras da tolerância. Desde 92, nos acostumamos a
ver drags nas festas, na mídia, nas
novelas e até no noticiário. Quem
lembra quando, em 1994, Isabelita
dos Patins apareceu nas primeiras
páginas de todos os jornais brasileiros ao beijar o então aspirante a
presidente Fernando Henrique
Cardoso? Nem os tucanos escapam à sedução das drags.
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