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ERUDITO
Orquestra Petrobras toca no Rio
Maestro celebra 70 anos de vida e 50 de música
DA SUCURSAL DO RIO
O maestro mais conhecido do
país completa 70 anos em plena
atividade. Isaac Karabtchevsky
rege hoje a Orquestra Petrobras
Pró Música, no Teatro Municipal
do Rio, num concerto em que comemorará seu aniversário -que
acontece no próximo dia 27.
Além de ser diretor artístico da
Pró Música, Karabtchevsky também está à frente da Orquestra
Nacional do Vale do Loire, na
França, e da Orquestra Sinfônica
de Porto Alegre.
"Como as temporadas européia
e sul-americana não coincidem,
posso continuar à frente das três.
A Orquestra do Vale do Loire, que
eu assumi neste ano, culmina
uma trajetória européia que teve a
Tonkunstler Orchester, de Viena,
e o [teatro] La Fenice, de Veneza",
orgulha-se o maestro.
Karabtchevsky se tornou sinônimo de maestro no Brasil durante os mais de 26 anos (entre 1969 e
1996) em que esteve à frente da
Orquestra Sinfônica Brasileira.
Ele procurou popularizar a música clássica realizando concertos
ao ar livre e convidando artistas
populares como Chico Buarque e
até roqueiros para se apresentar
com a orquestra.
"Houve muita rejeição a essas
idéias, mas era normal que isso
acontecesse. A OSB é uma fundação que depende de recursos privados, é natural que priorize um
repertório tradicional, sem muitos arcos evolutivos. Já a Petrobras Pró Música tem uma tradição de tocar compositores populares, na série OPPM Jazz, e vem
demonstrando como são tênues
as diferenças entre músicas de
qualidade", diz Karabtchevsky.
Ele assumiu a direção da orquestra carioca em dezembro de
2003. Embora não tenha a tradição da OSB ou da Orquestra do
Teatro Municipal do Rio, a Pró
Música está em evolução, segundo a avaliação de Karabtchevsky.
"A orquestra conta com os melhores músicos da OSB e da Orquestra do Municipal. Só faltam
recursos para que eles possam se
dedicar totalmente [à Pró Música]. E falta também uma sala de
concertos", diz ele, que exalta o
apoio do Governo do Estado de
São Paulo à Osesp. "É um exemplo que deveria ser seguido por
outros governos", afirma.
Karabtchevsky é filho de judeus
da antiga União Soviética: pai russo e mãe ucraniana. Geny, a mãe,
chegou a cantar na Ópera de Kiev
e transmitiu aos três filhos o amor
pela música clássica e a ópera. Ela
conheceu Salomão, seu marido,
em São Paulo, para onde emigrou
depois que sua família sofreu perseguições na Ucrânia após a Revolução Russa.
Nos anos 50, sua família passou
a viver no recém-criado Estado de
Israel, para onde ele decidiu não ir
por influência de Hans Joachim
Kollreuter, maestro alemão que
se radicou no Brasil. Karabtchevsky considera 1954, quando
ganhou um concurso para jovens
solistas tocando oboé, o primeiro
ano em que se dedicou exclusivamente à música. O concerto de
hoje comemora também seus 50
anos de carreira.
No programa desta noite, a Pró
Música tocará "Bachianas nš 9 e
nš 3", de Villa-Lobos, e a "Sinfonia nš 6 em Si Menor", de Tchaikovsky, encerrando o Ciclo Villa-Lobos/Tchaikovsky. O solista será o pianista José Feghali.
"É incrível, mas é a primeira vez
em que se toca essa sinfonia de
Tchaikovsky no Brasil. E é importante tocar junto com peças de Villa-Lobos, porque o repertório de
ambos é baseado no folclore de
seus países", diz o maestro.
O próximo ciclo que Karabtchevsky conduzirá na Pró Música
será dedicado a Gustav Mahler.
Ao longo de três anos, todas as
suas sinfonias serão executadas.
CICLO VILLA-LOBOS/TCHAIKOVSKY.
Quando: hoje, às 20h. Onde: Teatro
Municipal do Rio (pça. Floriano, s/nš,
centro, 0/xx/21/2262-3935). Quanto: de
R$ 2 a R$ 60.
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