São Paulo, terça-feira, 14 de dezembro de 2004

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ERUDITO

Orquestra Petrobras toca no Rio

Maestro celebra 70 anos de vida e 50 de música

DA SUCURSAL DO RIO

O maestro mais conhecido do país completa 70 anos em plena atividade. Isaac Karabtchevsky rege hoje a Orquestra Petrobras Pró Música, no Teatro Municipal do Rio, num concerto em que comemorará seu aniversário -que acontece no próximo dia 27.
Além de ser diretor artístico da Pró Música, Karabtchevsky também está à frente da Orquestra Nacional do Vale do Loire, na França, e da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre.
"Como as temporadas européia e sul-americana não coincidem, posso continuar à frente das três. A Orquestra do Vale do Loire, que eu assumi neste ano, culmina uma trajetória européia que teve a Tonkunstler Orchester, de Viena, e o [teatro] La Fenice, de Veneza", orgulha-se o maestro.
Karabtchevsky se tornou sinônimo de maestro no Brasil durante os mais de 26 anos (entre 1969 e 1996) em que esteve à frente da Orquestra Sinfônica Brasileira. Ele procurou popularizar a música clássica realizando concertos ao ar livre e convidando artistas populares como Chico Buarque e até roqueiros para se apresentar com a orquestra.
"Houve muita rejeição a essas idéias, mas era normal que isso acontecesse. A OSB é uma fundação que depende de recursos privados, é natural que priorize um repertório tradicional, sem muitos arcos evolutivos. Já a Petrobras Pró Música tem uma tradição de tocar compositores populares, na série OPPM Jazz, e vem demonstrando como são tênues as diferenças entre músicas de qualidade", diz Karabtchevsky.
Ele assumiu a direção da orquestra carioca em dezembro de 2003. Embora não tenha a tradição da OSB ou da Orquestra do Teatro Municipal do Rio, a Pró Música está em evolução, segundo a avaliação de Karabtchevsky.
"A orquestra conta com os melhores músicos da OSB e da Orquestra do Municipal. Só faltam recursos para que eles possam se dedicar totalmente [à Pró Música]. E falta também uma sala de concertos", diz ele, que exalta o apoio do Governo do Estado de São Paulo à Osesp. "É um exemplo que deveria ser seguido por outros governos", afirma.
Karabtchevsky é filho de judeus da antiga União Soviética: pai russo e mãe ucraniana. Geny, a mãe, chegou a cantar na Ópera de Kiev e transmitiu aos três filhos o amor pela música clássica e a ópera. Ela conheceu Salomão, seu marido, em São Paulo, para onde emigrou depois que sua família sofreu perseguições na Ucrânia após a Revolução Russa.
Nos anos 50, sua família passou a viver no recém-criado Estado de Israel, para onde ele decidiu não ir por influência de Hans Joachim Kollreuter, maestro alemão que se radicou no Brasil. Karabtchevsky considera 1954, quando ganhou um concurso para jovens solistas tocando oboé, o primeiro ano em que se dedicou exclusivamente à música. O concerto de hoje comemora também seus 50 anos de carreira.
No programa desta noite, a Pró Música tocará "Bachianas nš 9 e nš 3", de Villa-Lobos, e a "Sinfonia nš 6 em Si Menor", de Tchaikovsky, encerrando o Ciclo Villa-Lobos/Tchaikovsky. O solista será o pianista José Feghali.
"É incrível, mas é a primeira vez em que se toca essa sinfonia de Tchaikovsky no Brasil. E é importante tocar junto com peças de Villa-Lobos, porque o repertório de ambos é baseado no folclore de seus países", diz o maestro.
O próximo ciclo que Karabtchevsky conduzirá na Pró Música será dedicado a Gustav Mahler. Ao longo de três anos, todas as suas sinfonias serão executadas.


CICLO VILLA-LOBOS/TCHAIKOVSKY. Quando: hoje, às 20h. Onde: Teatro Municipal do Rio (pça. Floriano, s/nš, centro, 0/xx/21/2262-3935). Quanto: de R$ 2 a R$ 60.


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