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DANÇA
Companhia leva ao Sesc seu "Procedimento 1", que utiliza vídeo e robótica
Cena 11 apresenta obra em construção
INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
Encerrando o "Projeto SKR", o
Cena 11 passa por São Paulo apresentando o "Procedimento 1". Dirigida por Alejandro Ahmed, 33, a
companhia catarinense definiu
em 2002 uma estratégia singular
de montagem: determinadas etapas da nova obra em construção
foram levadas a público, para que
este respondesse, definindo traços das seguintes. O conjunto final de cinco módulos -"SKINNERBOX" ("Caixa de Skinner")- estreará em março de
2005 em Florianópolis.
O "Procedimento 1" utiliza vídeos, fotografia e robótica para
investigar a relação da dança com
a tecnologia. Em cena, dois protótipos telecomandados: um risca o
chão e serve de ponto de referência, determinando o local e o momento da ação dos bailarinos; o
outro filma tudo, com uma microcâmera. Algumas imagens são
projetadas em tempo real, num
telão.
Já os "Procedimentos" 2 e 4 são
exercícios internos da companhia. O 2, como explica Ahmed
em entrevista à Folha, é "o levantamento de dados do 1, colhidos
nos formulários e gravações com
as diferentes platéias". O 4 dá continuidade à pesquisa com som, vídeos e robôs. Em "Procedimento
3", desenvolvido em duas etapas
com os estilistas Ricardo Almeida
e Karla Girotto, a roupa vira "o
elemento de intermediação do
corpo com o meio ambiente".
"Procedimento 5" aconteceu na
Alemanha em junho deste ano,
onde foram também escolhidos
três dançarinos que farão parte da
estréia. A questão é: "Sem aprender o que o Cena 11 faz, como um
corpo se relaciona com a nossa
proposta? Existe algo de inato no
que fazemos?".
O ponto de partida para a coreografia foi a caixa do psicólogo
americano Burrhus Frederic
Skinner (1904-90), que estudou o
comportamento por meio de processos de recondicionamento. Segundo Ahmed, "o interessante é o
jogo de informação daquele objeto: uma caixa de condicionamento animal, mas que ao mesmo
tempo se projeta como pergunta
sobre o livre-arbítrio, indo contra
o determinismo de Skinner".
"Procedimento 1" concentra as
marcas do trabalho do grupo,
criado em 1993: o arremesso do
corpo contra o chão, a repetição e
a inversão, tentando "averiguar a
maneira como um corpo resolve
determinado problema". Nas
quedas, de braços abertos para o
chão, Ahmed explica que os bailarinos têm proteção, "além dos
protetores externos, a maneira
como o corpo se relaciona com a
queda".
No SKR a queda já se transformou em comportamento: "Expomos nossa maneira de nos relacionar com as coisas, e uma delas
é esse tipo de arremesso do corpo.
Tentamos limpar nossas ações
para que tivessem maior clareza:
as diferenças e variações acontecem com as mudanças que cada
corpo desenvolve para determina
ação que se replica. É algo sutil,
minimal".
PROCEDIMENTO 1. Quando: hoje e
amanhã, às 21h. Onde: Sesc Vila Mariana
(r. Pelotas, 141, tel. 0/xx/11/5080-3000).
Quanto: de R$ 5 a R$ 15.
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