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Ilustrada 50 Anos
Roda da cultura
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DA ILUSTRADA
Naquele que se tornaria o
país da música e do futebol, a
conquista da primeira Copa do
Mundo e o lançamento da batida perfeita do violão de João
Gilberto em "Chega de Saudade" marcaram o movimentado
ano de 1958.
O final da década de 50 foi
um momento em que o Brasil
parecia condenado a participar
do novo bazar mundial de modernidades. O chamado modelo "urbano-industrial" tornava-se realidade, uma nova capital
se desenhava no Planalto Central e a cultura e a política pareciam anunciar o alvorecer de
uma sociedade mais criativa e
menos desigual.
Foi no dia 10 de dezembro de
1958 que a primeira edição da
Folha Ilustrada chegou às bancas. Era o que se chamava na
época de um caderno de leitura
e variedades. Notícias quentes
não eram o seu forte. Por suas
páginas desfilavam os "fait divers", as tendências da moda
européia, as estrelas do entretenimento, as notas sociais, as
tiras de quadrinhos e os artigos
sobre literatura, artes e avanços da ciência.
O nascimento da Ilustrada é
um episódio no processo de
modernização da imprensa
brasileira, que já havia produzido, poucos anos antes, um
importante suplemento literário semanal em "O Estado de S.
Paulo" e outro, mais vanguardista, no "Jornal Brasil" -além
da histórica revista "Senhor".
Foi a partir de 1964, quando
o novo proprietário da Folha, o
empresário Octavio Frias de
Oliveira, contratou o jornalista
Cláudio Abramo para auxiliá-lo
na renovação do jornal, que o
caderno começou a ganhar um
novo rosto. Na seqüência do
golpe de 64, a efervescente,
imaginosa e politizada produção artística da época indicava
que era tempo de dar à editoria
um perfil mais cultural.
Mas o AI-5 (que ontem completou 40 anos) envolveu o país
numa atmosfera sufocante,
que só começaria a desanuviar
em meados dos anos 70. Foi a
partir desse momento que a
Folha começou a assumir posições mais avançadas no cenário
da imprensa e a Ilustrada a ganhar a simpatia de estudantes e
intelectuais de esquerda.
No início dos anos 80, tempo
em que a redemocratização do
país parecia inevitável, uma
nova geração assumiu o caderno e, ao lado de jornalistas mais
experientes, realizou uma pequena revolução editorial.
Muita coisa mudou desde
então. A democracia tornou-se
fato, o socialismo ruiu, a globalização se consolidou e a tecnologia digital começou a mudar a
face da produção cultural e das
comunicações. É nesse novo
contexto que a cinqüentenária
Ilustrada enfrentará o desafio
de permanecer como uma referência para seus leitores e o
mundo cultural.
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