São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2008

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Ilustrada 50 Anos

Roda da cultura

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DA ILUSTRADA

Naquele que se tornaria o país da música e do futebol, a conquista da primeira Copa do Mundo e o lançamento da batida perfeita do violão de João Gilberto em "Chega de Saudade" marcaram o movimentado ano de 1958.
O final da década de 50 foi um momento em que o Brasil parecia condenado a participar do novo bazar mundial de modernidades. O chamado modelo "urbano-industrial" tornava-se realidade, uma nova capital se desenhava no Planalto Central e a cultura e a política pareciam anunciar o alvorecer de uma sociedade mais criativa e menos desigual.
Foi no dia 10 de dezembro de 1958 que a primeira edição da Folha Ilustrada chegou às bancas. Era o que se chamava na época de um caderno de leitura e variedades. Notícias quentes não eram o seu forte. Por suas páginas desfilavam os "fait divers", as tendências da moda européia, as estrelas do entretenimento, as notas sociais, as tiras de quadrinhos e os artigos sobre literatura, artes e avanços da ciência.
O nascimento da Ilustrada é um episódio no processo de modernização da imprensa brasileira, que já havia produzido, poucos anos antes, um importante suplemento literário semanal em "O Estado de S. Paulo" e outro, mais vanguardista, no "Jornal Brasil" -além da histórica revista "Senhor".
Foi a partir de 1964, quando o novo proprietário da Folha, o empresário Octavio Frias de Oliveira, contratou o jornalista Cláudio Abramo para auxiliá-lo na renovação do jornal, que o caderno começou a ganhar um novo rosto. Na seqüência do golpe de 64, a efervescente, imaginosa e politizada produção artística da época indicava que era tempo de dar à editoria um perfil mais cultural.
Mas o AI-5 (que ontem completou 40 anos) envolveu o país numa atmosfera sufocante, que só começaria a desanuviar em meados dos anos 70. Foi a partir desse momento que a Folha começou a assumir posições mais avançadas no cenário da imprensa e a Ilustrada a ganhar a simpatia de estudantes e intelectuais de esquerda.
No início dos anos 80, tempo em que a redemocratização do país parecia inevitável, uma nova geração assumiu o caderno e, ao lado de jornalistas mais experientes, realizou uma pequena revolução editorial.
Muita coisa mudou desde então. A democracia tornou-se fato, o socialismo ruiu, a globalização se consolidou e a tecnologia digital começou a mudar a face da produção cultural e das comunicações. É nesse novo contexto que a cinqüentenária Ilustrada enfrentará o desafio de permanecer como uma referência para seus leitores e o mundo cultural.

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