São Paulo, segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

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Design aposentado

Embalagens clássicas de produtos saem de cena e geram debate sobre memória afetiva e patrimônio do design no país

Divulgação
Embrulho antigo do Queijinho, feito por Lygia Pape

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Diante da prateleira de um supermercado, Daniela Name levou um susto. "Foi horrível", lembra a curadora, que correu para casa e postou em seu blog que a Piraquê estava aposentando as embalagens dos biscoitos Queijinho e Presuntinho, desenhadas pela artista Lygia Pape nos anos 60. "São mudanças criminosas, assassinas", diz ela. "É muito sério."
No lugar dos arranjos em vertente construtiva dos pequenos biscoitos, projeto de Pape, está agora uma disposição mais convencional, com uma grande tarja com o nome do produto quebrando o desenho. "Nem por hipnose alguém me convenceria de que essa coisa horrorosa é mais eficiente", esbravejou Name, na web.
É uma reação parecida com a do designer Alexandre Wol- lner, que viu sua embalagem clássica das sardinhas Coqueiro dar lugar a um design brilhante e modernoso, que rompe com os traços minimalistas de seu desenho, pondo no lugar uma linguagem mais figurativa.
"É uma esculhambação total da Coqueiro", diz Wollner. "Não pode trocar um desenho por uma coisa mais bonitinha."
Bonitinhas ou assassinas, marcas mudam. E geram um debate entre artistas e designers sobre o que é patrimônio visual e como lidar com o que já foi ícone do design brasileiro em meio às mudanças que seguem o ritmo do mercado.
Se por um lado saem de cena os últimos exemplos dessa corrente modernista, por outro empresas retomam logomarcas ornamentadas do passado.


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