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Mostra dedicada a Rauschenberg privilegia obras menos famosas
Tomie Ohtake inaugura amanhã exposição do artista, morto no ano passado
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
O artista norte-americano
Robert Rauschenberg (1925
-2008) costumava afirmar que
a influência em sua obra de Josef Albers, com quem estudou
no Black Mountain College, era "fazer o reverso" do que pregava o mestre.
No entanto, a mostra que o Instituto Tomie Ohtake inaugura amanhã, com quase cem
obras de Rauschenberg, aponta
o contrário: a experimentação
com a cor, questão central para Albers, é um dos pontos principais das obras selecionadas.
Obviamente essa não é a vertente que levou Rauschenberg a se tornar um dos mais influentes artistas do século 20.
"Ele fez a ponte entre o expressionismo abstrato e a arte pop",
diz David White, assistente do
artista nos últimos 30 anos, que
esteve no instituto para acompanhar a montagem da exposição. Curiosamente, Albers tampouco o admirava.
"Quando Albers via os trabalhos de Rauschenberg, ele fechava os olhos e comentava que
nem queria saber quem era o
autor daquelas coisas", conta o
filho do artista, Christopher
Rauschenberg, fotógrafo que
passou pelo Brasil para expor em Brasília e também acompanhou a montagem da mostra.
Mescla de imagens
No Instituto Tomie Ohtake
não estão as obras mais famosas de Rauschenberg, as "combine paintings", nas quais ele
misturava a pintura aos objetos
cotidianos, como colchões ou
objetos empalhados, mas as 75
gravuras selecionadas apontam
para um procedimento semelhante, onde ele mescla todo tipo de imagem.
"Durante uma época na história da arte, cada objeto num
quadro tinha um outro significado, um cachorro podia representar o mal, por exemplo. Para
meu pai, isso já não acontecia
mais, ele mostrava as coisas pelo que elas são", conta Christopher.
Outro destaque da exposição
são obras da série "Glut" (aglomerados), na qual ele se apropriava de restos encontrados
no lixo, especialmente de metal, buscando "uma maneira de
ver a beleza presente nos refugos", como diz Mimi Thompson, no catálogo da mostra.
A gravura, apesar de não ser a
forma de expressão que o tornou mais famoso, esteve sempre presente em suas experimentações -quando Rauschenberg ganhou o Leão de Ouro, da Bienal de Veneza, em
1964, suas pinturas passaram a ser referência obrigatória.
Em 1953, ele espalhou 20 folhas de papel numa rua e pediu
que seu amigo e colega do Black
Mountain John Cage dirigisse
seu carro com pneus recobertos de tinta, criando "Autombile Tire Print" (impressão de
pneu de automóvel) e gerando uma radical forma de gravura.
Na mostra, esse episódio é tema da série "Ruminations" (ruminações), que aborda suas relações afetivas, como a com o próprio Cage.
ROBERT RAUSCHENBERG
Quando: abertura amanhã, às 20h
(para convidados); de ter. a dom,
das 11h às 20h. Até 21 de fevereiro
Onde: Instituto Tomie Ohtake (r.
Coropés, Pinheiros, São Paulo, tel.
0/xx/11/ 2245-1900)
Quanto: entrada franca
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