Após tentativa de assalto com dois feridos, sede do grupo acolhe Farsas de Natal

Evento tem cabaré e "culto" que subverte a Missa do Galo; Espaço Parlapatões ficou lotado durante noite em prol de Bortolotto

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois do baque causado pela tentativa de assalto que, há nove dias, deixou feridos o ilustrador Henrique Figueiroa (Carcarah) e o dramaturgo Mário Bortolotto, os Parlapatões querem expurgar fantasmas e reinstaurar o riso como moeda corrente em sua sede, na praça Roosevelt, centro de São Paulo.
Para esse propósito, vem a calhar a Farsas de Natal, série de cabarés, espetáculos e brincadeiras cênicas já programada antes do episódio do último dia 5, mas que obviamente ganha contornos distintos agora.
Em sua segunda edição, passa a incluir uma "Missa do Galho" (sáb., 19/12, à meia-noite), culto pagão que subverte a tradicional celebração católica da noite de Natal com inserções de blagues sobre atualidades, famosos e políticos. O gracejo remonta à Idade Média, quando, vez por outra, o roteiro da eucaristia deixava de lado o sacro para versar sobre o mundano -e, assim, arejar o tom solene do ritual com risadas.
Além disso, haverá novas versões do cabaré "Farsas de Natal" (sex., 18/12, à meia-noite), coletânea de cenas sobre os excessos e engodos das festas, e do "Auto dos Palhaços Baixos" (sex., às 21h30, sáb., às 21h, e dom., às 20h), leitura clownesca do nascimento de Cristo.
Os espetáculos terão a participação de convidados, como La Mínima, Barbixas e Namakaca, que ganha mostra de repertório. Amanhã e quarta, às 21h, personagens deitam suas neuroses no divã de "Freudislândia: Onde Tudo se Explica!".

Bortolotto
Na última sexta, um Espaço Parlapatões lotado abrigou o leilão de 45 obras de arte em prol da família de Bortolotto. Dois painéis desenhados in loco por Lourenço Mutarelli, Rafael Grampá e Caco Galhardo, entre outros, foram rifados, com renda revertida para o tratamento dele. O mesmo valeu para a bilheteria das peças "Brutal" e "O Papa e a Bruxa". (LUCAS NEVES)