São Paulo, sábado, 15 de janeiro de 2005

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TEATRO

Teatro de Estádio será construído ao lado do Oficina; shopping aberto também faz parte dos planos para o terreno

Zé Celso aceita projeto de Silvio Santos

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

O acordo de paz entre o teatro Oficina e o Grupo Silvio Santos está prestes a ser selado. Após 25 anos de discórdia sobre a construção de um shopping ao lado da sede do grupo de José Celso Martinez Corrêa, na Bela Vista, as duas partes chegaram a um consenso.
O projeto, aprovado por integrantes da cia. teatral durante uma reunião anteontem, é de autoria de Marcelo Ferraz, 49, que trabalhou durante 15 anos com a arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992), responsável pelo Oficina.
Contratado por Silvio Santos, Ferraz desenvolveu a idéia de Teatro de Estádio, a antiga reivindicação de Zé Celso para o terreno contíguo ao do Oficina. Segundo o arquiteto, o empresário também já deu seu aval.
O shopping ficará ao redor dos dois teatros e terá varandas que lembram as galerias comerciais dos anos 50.
"É muito difícil atender aos interesses das duas partes, mas para nós o mais importante é a cidade", afirma o arquiteto, que desenvolveu o projeto em parceria com seus sócios Marcelo Suzuki e Francisco Sanucci.
Para a construção, que deve começar após a aprovação do projeto na prefeitura, serão demolidos uma antiga sinagoga e a sede do grupo Silvio Santos.
"É a realização de um sonho, de uma luta de 25 anos", diz Zé Celso. "É o único shopping onde o teatro não estará inserido como uma gaveta", elogia.
A nova sala terá capacidade para mil pessoas, em uma semi-arena, inspirada pelos teatros gregos da Antigüidade. O palco ficará no mesmo nível do do Oficina e eventualmente eles poderão ser usados em conjunto.
A concepção original do Teatro de Estádio é do escritor Oswald de Andrade (1890-1954), e Zé Celso pretende homenageá-lo na inauguração, encenando a peça "O Homem e o Cavalo", de autoria do modernista.
O diretor deseja que a administração do novo espaço fique com uma comissão formada por representantes do teatro brasileiro.
"O Silvio Santos foi maravilhoso, ele teve um gesto de grandeza. Durante 25 anos foi difícil o nosso entendimento com a área financeira do grupo. A presença dele implodiu o projeto do [arquiteto] Julio Neves", diz o diretor.
A aproximação entre o apresentador e empresário e Zé Celso aconteceu após um encontro entre eles no Oficina.
Depois de uma carta aberta escrita por Contardo Calligaris, psicanalista e colunista da Folha, publicada na Ilustrada em 15 de abril do ano passado, o senador Eduardo Suplicy telefonou para Silvio Santos, que manifestou interesse em conhecer o teatro.
O encontro foi o ponto de partida para o acordo. Na reunião em que os membros do Oficina ratificaram o novo projeto, estavam, além de Zé Celso, o ator e diretor Marcelo Drummond, a atriz Luciana Domschke, a escritora e psicanalista Betty Milan e Calligaris, entre outros.

"A Luta"
Além das pazes com o vizinho, o grupo Uzyna Uzona comemora o novo patrocínio da Petrobras. Atualmente, a cia. ensaia o penúltimo episódio de "Os Sertões", baseado na obra de Euclydes da Cunha, sobre Canudos.
"A Luta" será dividida em duas partes. A primeira deve estrear no aniversário de Zé Celso, em 30 de março, e aborda as três primeiras expedições narradas no livro. A quarta expedição será encenada no último ato da saga.


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