JOSIMAR MELO
especial para a Folha

No infindável mosaico de novos restaurantes de São Paulo é um alívio identificar aqueles em que, ao entrar, é possível deparar com os proprietários do lugar. Em carne e osso, zelando pelo seu negócio e por seus clientes.
O Santta Lupara, uma dessas novas casas da cidade, não é um restaurante pretensioso. Embora bem arrumado, com suas gostosas mesas para um aperitivo no jardim e um salão com dimensões acolhedoras, tem no ar uma certa simplicidade que o diferencia dos incontáveis caça-níqueis. A sinceridade de propósitos não o isenta, é claro, de ter erros, mas favorece a complacência do visitante.
Seus donos são o casal Regina e João Prota, profissionais de outras áreas que agora se dedicam integralmente ao novo ramo. O Santta Lupara tem bem o toque pessoal deles.

Vinho barato
Seu cardápio mistura um pouco de tudo -são as preferências pessoais dos proprietários, mais do que a fidelidade a uma linha ou nacionalidade.
É o que explica a convivência, num cardápio curto, de pratos como nhoque à bolonhesa, picadinho de carne com banana e filé com molho de mostarda.
Clássicos de diferentes países, mas que também encantam os brasileiros.
Alguns pratos simples têm uma boa execução, da salada de endívias com tomate seco e mussarela de búfalo, com leve tempero, às massas oferecidas com um molho de tomates (ou à bolonhesa) honesto. Também simples é o paulistano picadinho (servido com arroz, ovo frito, banana à milanesa sequinha e crocante, ervilhas e batata sauté), mas vem à mesa exangue, com marcas da gordura usada na fritura, sem nenhum molho para banhar os acompanhamentos e depois ser colhido com pão...
O filé com molho de vinho tinto veio precisamente no ponto pedido, e o molho não era agressivo, embora potente; pareceu deslocado do prato a fatia de presunto cru, mais adequada com carnes levemente empanadas do que competindo diretamente com o filé.
A torta de limão muito doce (o garçom ofereceu uma calda para acompanhar, que veio na forma de míseras pinceladas) é compensada pelo correto crème brûlée. E a fraca oferta de vinhos se redime ao menos pelos preços decentes.