MARCELO RUBENS PAIVA
ARTICULISTA DA FOLHA

O jornalista Xico Sá investigou as denúncias de corrupção do governo Collor. Conhecia o esconderijo de PC Farias, quando ele era o homem mais procurado do Brasil. E hospedava em sua casa de São Paulo os meninos do mangue beat, ao mesmo tempo em que era visto em todos os bares da cidade.
Onipresente, consegue estar nos botequins cariocas, nos bares paulistanos e subindo as ladeiras de Olinda ao mesmo tempo. Assim, escuta histórias de todas as fontes e cria uma síntese entre seu repertório erudito e o dito popular. Sá não gradua as informações.
Sabe que no matuto há tanta sabedoria quanto nas universidades. É o que se vê em "Modos de Macho & Modinhas de Fêmea - A Educação Sentimental do Homem", nome "sampleado" de Gilberto Freyre ("Modos de Homem & Modas de Mulher").
Neste livro, uma compilação de "crônicas testosteronizadas" editadas na Revista da Folha e em outras publicações, o jornalista-escritor, em "idade da próstata", mexe em 300 vespeiros.
Ele fala de mulheres e perversões masculinas, indicando o ridículo que há em cada ser atormentado pelas mil faces do sexo. Fala de mulheres daquele jeito que nós, homens, eventualmente falamos às escuras, envergonhados e cínicos, como meninos rindo da própria travessura.
Esse código masculino foi soterrado pelo movimento do politicamente correto anglo-saxão, povo sexualmente resolvido tanto quanto um vigário. Movimento que, no Brasil, não colou, já que tal travessura é apenas um código tribal, para se firmar uma identidade, criar hierarquias grupais, e não a expressão de um preconceito. Preconceito?! Ora, os homens amam as mulheres. Mas os homens também amam fazer piadas sobre as relações.
E muitos não têm humor para destacar a piada do caráter de um homem, confundem o machismo das personagens com a atitude do autor, pensam que os tabus não devem ser revelados e, como stalinistas, querem passar uma borracha nas confissões.

Modos de Macho & Modinhas de Fêmea
    
Autor: Xico Sá Editora: Record Quanto: R$ 29 (156 págs.) Lançamento: segunda, a partir das 18h30, na Livraria Cultura (av. Paulista 2.073, São Paulo); festa no Xingú (rua Martinho Prado, 119, SP), a partir das 23h