INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Já se mencionou aqui a pesquisa segundo a qual filmes estão longe de ser uma preferência dos espectadores de TV paga, aparentemente maníacos por futebol e "Big Brother".
Mas as pesquisas não podem captar tudo. Quando foi lançada no Brasil a TV paga, boa parte do marketing ia para o cinema, para a perspectiva de vermos os filmes sem intervalos, sem dublagem etc.
Passou o tempo, veio a crise, os canais parecem se limitar à administração do possível, sendo que o possível foi bem pouco no último ano. Agora o Telecine promete, a partir de março, um ressurgimento. OK. Mas, como argumenta um leitor, como fica quem pagou dezembro, janeiro e fevereiro?
Esse dançou, ou por outra, zapeou adoidado em busca de algo digno de ser visto. Algo onde simplesmente repousar o olhar. Função que, hoje, cumprem "Nenhum a Menos", de Zhang Yimou, ou "O Informante", de Michael Mann.
Zhang Yimou já é, a essa altura, um realizador bem conhecido. A principal virtude de seu filme é mostrar com propriedade as rápidas transformações por que passa a China. O principal defeito é ceder a um sentimentalismo fácil, ao contar a história da menina elevada à guarda de outras crianças (menores ainda) e que se ocupa delas com um zelo digno de um adulto.
"O Informante" traz uma história fascinante: as safadezas da indústria tabagista, reveladas por um jornalista e um ex-executivo.
Há quem ache Michael Mann um dos "good Mann" do cinema americano (o paradigma é Anthony Mann).
Sua câmera neste filme é talvez exageradamente ágil e participante, como se antepondo aos acontecimentos. Nesse sentido, há momentos em que parece um "bad Mann" (Delbert, Daniel).

O Cão e a Raposa
SBT, 12h30.

(The Fox and the Hound). EUA, 81, 83 min. Direção: Art Stevens, Richard Rich, Ted Berman. Animação da Disney sobre cão e raposa que crescem juntos e amigos. A idade adulta, no entanto, lhes lembrará que são espécies inimigas. Como com freqüência, o que de mais grave vem de Hollywood vem na forma de desenho animado.

Castelo Rá-Tim-Bum
Globo, 13h.

Brasil, 2000. Direção: Cao Hamburger. Com Diegho Kozievitch, Marieta Severo. Aventuras de uma família de mágicos, tendo por centro o desejo de libertação do aprendiz Nino. Produção infantil brasileira baseada na bem-sucedida série de televisão, e tentativa de produzir cinema infantil digno.

Godzilla
Record, 18h.

EUA, 98, 139 min. Direção: Roland Emmerich. Com Matthew Broderick, Jean Reno. Godzilla é o monstro pós-atômico que, após atacar o Japão em uma série de filmes, chega a Nova York tão destrutivo quanto. Claro, perde-se o sentido original (o encontro entre o ultramoderno -bomba atômica- e o ultra-arcaico -dinossauros). Aqui, aproveitou-se a onda dos dinossauros. Mas veio o 11 de Setembro: terremoto não subterrâneo, mas aéreo. O sentido foi reencontrado.

O Mistério de Lulu
Bandeirantes, 20h30.

(Lulu on the Bridge). EUA, 98, 103 min. Direção: Paul Auster. Com Harvey Keitel, Mira Sorvino, Vanessa Redgrave, Willem Dafoe. Keitel faz um saxofonista que, após ser baleado, perde a capacidade para tocar seu instrumento. O encontro com uma aspirante a atriz o salvará da depressão profunda. No cinema, Auster erra a mão feio. Curioso é que, além da direção, o roteiro deste filme faz uma mistura um tanto danosa ao resultado.

Emboscada
SBT, 22h.

(Liberty Stands Still). EUA, 2001, 92 min. Direção: Kari Skogland. Com Linda Fiorentino, Wesley Snipes, Oliver Platt. Snipes é o homem que, para vingar a morte da filha, seqüestra Liberty Wallace (Fiorentino), executiva de fábrica de armas. Olho por olho, bala por bala.

Justiça a Bala
Globo, 23h40.

(Hard Justice). EUA, 95. Direção: Greg Yaitanes. Com David Bradley, Charles Napier. Agente topa ir para uma penitenciária, a fim de se infiltrar em rede de contrabandistas. Inadvertidamente, as autoridades mandam para lá um cara que ele havia acabado de prender, o que torna sua missão mais difícil, sem por isso facilitar a nossa.

O Destino do Poseidon
Bandeirantes, 0h.

(The Poseidon Adventure). EUA, 72, 102 min. Direção: Ronald Neame. Com Gene Hackman, Ernest Borgnine, Carol Lynley, Stella Stevens. Uma onda gigante apanha o navio Poseidon e o emborca. Um grupo de sobreviventes tenta se safar antes que o navio afunde de vez. Típico filme-catástrofe, cujo título se tornou mais célebre que sua realização, que navega no convencionalismo.

A Salvo
Globo, 1h25.

(Safe). EUA, 96, 121 min. Direção: Todd Haynes. Com Julianne Moore, Peter Friedman. Mulher de alta classe média subitamente descobre-se cheia de alergias. Buscará inúmeras terapias. O princípio (sem contar a atriz) é o mesmo do ótimo "Longe do Paraíso", do mesmo Haynes. Este filme é tido em alta contas por críticos norte-americanos. A conferir.

Jogo da Traição
Globo, 3h25.

(Fast Company). EUA, 95. Direção: Gary Nelson. Com Ann Jillian, Thim Matheson, Geoffrey Blake. Ao investigar um assassinato, casal de livreiros descobre que o criminoso faz parte de seu círculo de relações. Feito para TV. (PAULO SANTOS LIMA e INÁCIO ARAUJO)

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